José Ribamar Ferreira, popularmente conhecido como Ferreira Gullar foi um escritor, poeta, crítico de arte, biógrafo, tradutor, memorialista e ensaísta brasileiro.
Mesmo após sua morte, ele continua a ser uma das principais referências de pensadores nacionais e um exemplo de atitude e sabedoria, lutando para combater os regimes autoritários no país.
Após o Golpe Militar de 1964, Gullar se filiou ao Partido Comunista Brasileiro e foi um dos fundadores do Grupo Opinião, que combateu a ditadura com formas inovadoras de teatro e de shows. Foi exilado para a Argentina e após quatro anos retornou ao Brasil.
Um apaixonado por poesia, no vídeo abaixo Ferreira Gullar fala um pouco sobre sua experiência com a poesia, e o que ela representa para ele, um discurso muito sábio.
“Se não houver espanto, não há poesia”
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Além disso, foi eleito imortal da Academia Brasileira de Letras, titular da cadeira 37, que antes pertencia ao poeta e tradutor Ivan Junqueira.
Ferreira Gullar sempre expressou seus pensamentos com muita veemência e personalidade.
Em sua conferência no Fronteiras, no ano de 2015, Gullar falou sobre a poesia, sobre a sociedade contemporânea e sobre o tema do projeto daquele ano, Como viver juntos:
“Os homens, embora sejam iguais em direito, não o são em qualidades. A natureza é injusta. A justiça é uma invenção humana. Nós a inventamos porque não aguentamos a desigualdade. Se a sociedade não pode ser completamente justa, pode ser menos desigual. A solução para vivermos juntos é sermos tolerante a opiniões diferentes das nossas.”
Para honrarmos a memória dessa pessoa tão especial, mostramos abaixo um trecho de uma entrevista, até então inédita, data por Gullar no Fronteiras.com, concedida à Braskem quando participou do Fronteiras do Pensamento, em 2015.
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Na entrevista, ele fala sobre poesia e também sobre a importância de abandonar a necessidade de estar sempre certo, para conquistarmos a verdadeira felicidade. É uma mensagem muito sábia, esperamos que o faça refletir e, se necessário, fazer uma mudança de comportamento para melhor.
Como nasce a sua poesia?
Ferreira Gullar: Eu costumo dizer que a poesia nasce do espanto, de alguma coisa que nos surpreende, que se revela inesperada, misteriosa ou bela ou enfim. Eu não escrevo poesia, nem ninguém escreve, como eu escrevo, por exemplo, as crônicas para o jornal.
É outro estado. É outra coisa. À crônica eu decido o que eu vou escrever. Vou escrever agora. Poesia não se faz assim. Não é você quem decide.
Uma de suas frases mais famosas é: “Não quero ter razão, quero ser feliz”. Qual conselho você daria para quem pretende seguir isso?
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Ferreira Gullar: O que eu digo é que é melhor ser feliz do que ter razão. É isso que eu quero dizer. Às vezes, as pessoas entram em conflito com as outras porque querem ter razão. Para quê? Para fazer o que com isso? Nada. Aliás, a palestra que eu darei termina com esta frase, compreende? Porque as pessoas… os palestinos estão brigando com os israelenses há 70 anos. Pare com isso, cara. Sentem à mesa, façam as pazes, parem de se matar. É uma maluquice. Pare de ter razão, cara.
Sábias palavras, não é mesmo?!
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