Todos têm uma música marcante, ou, várias músicas. Eu tenho uma música estranha que narra momentos ‘estranhos’ da minha vida.
Eu jamais escreveria sobre ela, mas hoje pela manhã, quando liguei o player do celular, a música logo a seguir na ‘agulha’ começou a tocar: A cidade enlouquece sonhos tortos/ Na verdade nada é o que parece ser/ As pessoas enlouquecem calmamente/ Viciosamente sem prazer… Era Lobão, com a minha música “Essa noite não ”.
E o mais maluco é que apesar dos meus ‘estranhamentos’ com o Lobão de alguns anos para cá, a música permanece sendo a minha música. Quando ela toca, é como se estivesse se declarando a mim de uma maneira que particularmente me toca muito.
Eu conheci essa música em um dia em que estava sem rumo sintonizando a rádio e logo quando a ouvi pensei: que música inebriante! Quando li a autobiografia do Lobão confesso que fiquei frustrada por que achei que ele fosse discorrer sobre o porquê da criação da música, na verdade talvez a música tivesse nascido apenas para preencher um álbum repleto de expectativas, mas “Essa noite não” preencheu mais que um encarte, preencheu minha alma em um dia que nem lembro ao certo como foi, mas que recordo que não era o melhor dia, e foi assim, que a letra penetrou em minha alma como um mantra.
Está sozinha, está sem onda, está com medo/ Seus fantasmas, seu enredo, sem destino/ Todo dia uma imagem diferente/Consciente, inconsciente, desatino…
- Comportamento: “Fui criticada por não ceder meu lugar no ônibus para uma grávida”, desabafa mulher em post polêmico
Hoje me surpreendeu ouvi-la novamente, por mais que seja a minha música preferida, não a ouço todos os dias, se a ouço é por que quero prestar atenção, refletir, lamentar, mas o mais incrível mesmo é quando ela me surpreende, como hoje pela manhã estava na agulha como a primeira música que eu precisava ouvir. Diferente do que muitos afirmam, não acho que um blog seja um diário, se assim fosse, contaria inclusive os motivos pelos quais amanheci entristecida, mas não, limito-os à cruel privacidade dos meus próprios pensamentos.
Só sei que quando o refrão surge: A maior expressão da angústia/ Pode ser a depressão/ Algo que você pressente/ Indefinível/ Mas não tente se matar/ Pelo menos essa noite não. Ah… quando esse refrão toca, é como se minha alma me dissesse: calma garota maluca, tenha calma e viva um dia de cada vez, não queira todos os sonhos malucos e reluzentes, assim, todos realizados agora, não seja apressada, cuidado sua descabelada insana (risos).
Indefinível, não posso compreender o que sinto quando ouço a música, mas sabe algo estranho e obviamente maluco que pensei? O trecho: Está sozinha, está sem onda, está com medo, está no feminino, por que o Lobão escreveria justamente este trecho no feminino? Não sei, talvez nem o próprio Lobão conseguisse me responder isso. Só sei Lobão, que embora eu tenha as minhas nebulosas opiniões a teu respeito, te agradeço imensamente pelo momento que não sei qual era, pela caneta ou lápis que lhe fizeram escrever essa canção… Essa noite não é a minha música preferida e hoje mais uma vez ela me surpreendeu… logo pela manhã, a minha música me disse: Essa noite não!