“Mudo” é um filme de 2018, disponível na Netflix, que conta a história de um jovem mudo que inicia uma jornada conflituosa no submundo de Berlim.
Todos os criadores e produtores artísticos de filmes e séries são responsáveis por enxergar o mundo de maneira diferente dos demais, uma das funções mais óbvias dessas manifestações artísticas. Ainda que tenhamos um leque amplo de audiovisuais impecáveis, ainda existem produções que merecem atenção, já que a ideia principal não é escancarada desde o início.
Um filme da Netflix que faz todos pensarem por um momento é “Mudo”, um drama de ficção científica lançado em 2018, com direção de Duncan Jones, segundo o Adorocinema. Estrelado por Alexander Skarsgård, Paul Rudd, Justin Theroux, “Mudo” mostra um futuro próximo, em 2056, em que Leo Beller, deficiente auditivo, procura sua namorada desaparecida no submundo de Berlim (Alemanha), onde atitudes valem muito mais do que meras palavras.
O protagonista é um jovem que perdeu a voz por escolhas equivocadas de seus pais em decorrência de um acidente grave na infância, enquanto nadava em um lago com os pais e os irmãos. Mesmo com a gravidade do acidente, os pais ortodoxos não permitiram que o filho passasse pela cirurgia reparadora.
Trinta anos depois, os primeiros momentos mostram Leo, o bartender mudo de uma boate, que é completamente apaixonado pela namorada Naadirah, uma mulher de cabelos azuis, que tenta fazer com que Leo use o celular para facilitar a comunicação entre eles, porém com dificuldade, já que sua religião não lhe permite. Mesmo assim, é possível ver o desenrolar inicial da relação de Leo e Naadirah.
Enquanto Berlim está em conflito entre imigrantes do Leste e Oeste, Naadirah de repente desaparece com a opressão, e Leo começa uma jornada pelo submundo da cidade à procura de seu amor, e é obrigado a se transformar num homem, mesmo nunca se reconhecendo como um indivíduo “normal”. Desbravando um mundo desconhecido e incapaz de emitir um som qualquer, Leo lida com cafetões, traficantes, um médico desertor do Exército e até seu melhor amigo, que tem forte tendência à pedofilia.
O objetivo de Leo é único: encontrar sua namorada, mas durante a jornada intensa de procura, ele cruza com diversas pessoas, já calejadas pelas experiências da guerra e que não são muito amigáveis. O roteiro tenta reavivar um futuro de esperança e transformações, dispondo quase sempre apenas do olhar do telespectador, além de permitir que a revolta de Leo tenha um meio-termo inclinado para a mágoa e a doçura.
Além disso, em um mundo cheio de revoluções tecnológicas, o protagonista é amish, ou seja, faz parte de um grupo religioso cujos preceitos conservadores incluem a restrição tecnológica. Apesar de poder ser melhor explorado, é possível ver um contraste ideológico ao se envolver com um mundo cheio de artificialidade desenvolvida para ampliar a experiência humana.
Como a religião de Leo não é determinante para o filme, é possível ver a negligência e inadequação do contexto que, apesar de abordar outras esferas, as deixa rasas. Mesmo assim, a ficção científica tenta oferecer aos telespectadores uma imagem de como o mundo será no futuro, inspirado em outros exemplares do cinema, com carros voadores, o panorama futurista e o desenvolvimento que muitos acham difícil de entender.
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Criado para pessoas inteligentes, o personagem tem caráter justiceiro, que mostra a maldade do mundo sob a perspectiva de um homem bom, que se vê impelido a “manchar” o seu nome por uma causa nobre, fazendo com que todos parem para pensar sobre as mudanças de princípios para salvar alguém especial.