Hélio Haus resgatou, depois da aposentadoria, a paixão que nutriu a vida inteira pela dança, mas que nunca teve coragem de encarar.
O balé clássico surgiu nas cortes italianas, bem no começo do século XVI, mas os historiadores ainda não entraram em um consenso sobre a origem dos passos e das mais diversas coreografias. Mas a dança só ganhou verdadeiro destaque quando chegou à França, onde o rei Luís XIV, também bailarino, instaurou as apresentações em sua corte.
Inclusive, a Accademie Royale de Musique, que tinha uma escola de balé, foi fundada pelo rei francês em 1661. Luís XIV também era chamado de “Rei Sol”, porque usava uma roupa extremamente brilhante quando se apresentava no espetáculo “Ballet de La Nuit”. Na escola fundada na França, o compositor italiano Jean-Baptiste Lully e o professor de dança francês Pierre Beauchamps deram ao balé ares de sofisticação, criando o “Ópera-Balé”, capaz de unir poesia, música e dança.
A história do balé passa por diversas outras mudanças e adaptações ao longo dos séculos e, mesmo sendo tão antigo, ainda é capaz de emocionar as atuais gerações. Foi exatamente assim que aconteceu com Hélio Haus, um aposentado de 82 anos, que resolveu dar os primeiros passos nas aulas aos 75, alimentando uma paixão da vida inteira.
Morador de Copacabana, no Rio de Janeiro, segundo reportagem do G1, Hélio resolveu entrar no balé depois de se aposentar, e conta que era algo que sempre quis fazer, mas não teve a oportunidade quando mais jovem. As aulas fazem com que se sinta vivo, “atuante”, realizando algo com que sempre sonhou. E mesmo acreditando ser um pouco “tarde”, ele sabe que não é “tarde demais”.
![“Não é tarde, me sinto vivo.” Aposentado de 82 anos faz 5 aulas de balé por dia](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/01/2-Nao-e-tarde-me-sinto-vivo-Aposentado-de-80-anos-faz-5-aulas-de-bale-por-dia-400x256.jpg)
Além de realizar um sonho antigo, Hélio aposta no balé como importante atividade física para que não fique refém dos consultórios médicos, principalmente porque não vê nada de bom em passar os dias se medicando e encarando doenças. Esse desejo de ter saúde também coopera para frequentar as cinco aulas por dia na academia da Glória, Zona Sul do Rio de Janeiro.
Hélio se formou em Direito na faculdade, mas optou por não exercer a profissão, seguindo o ramo de vendas em grande parte de sua vida. Como era ambulante e passava o dia inteiro caminhando com toalhas de banho nos ombros, acredita que esse seja o principal motivo de sua atual forma física, já que não foi sedentário ao longo do envelhecimento. Mas, assim que se aposentou, sentiu que precisava permanecer ativo, então resolveu alimentar o sonho da vida: o balé.
![“Não é tarde, me sinto vivo.” Aposentado de 82 anos faz 5 aulas de balé por dia](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/01/3-Nao-e-tarde-me-sinto-vivo-Aposentado-de-80-anos-faz-5-aulas-de-bale-por-dia-336x400.jpg)
Mas o aposentado explica que essa decisão não foi tomada de uma hora para outra, foi um sonho nutrido uma vida inteira, muitos anos. De acordo com ele, sempre gostou de frequentar o Theatro Municipal, mesmo assim nunca teve a coragem necessária para começar as aulas. Ele explica que a “vida biológica e a emocional não andam juntas”, por isso não conseguiu começar mais jovem.
Hélio precisou atingir a estabilidade financeira para conseguir dar o pontapé que precisava, e sua história acabou inspirando outras pessoas em várias partes do mundo. A partir de publicações nas redes sociais, escolas do Brasil inteiro mandaram lembranças ao senhor, e muitos outros indivíduos viram nele o espelho de que precisavam para realizar sonhos e começar uma atividade física ou outro hobby.
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![“Não é tarde, me sinto vivo.” Aposentado de 82 anos faz 5 aulas de balé por dia](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/01/4-Nao-e-tarde-me-sinto-vivo-Aposentado-de-80-anos-faz-5-aulas-de-bale-por-dia-400x297.jpg)
O bailarino explica que o segredo de sua figura alongada, concentrada e focada nos movimentos parte da repetição. Para ele, é preciso fazer cada movimento de maneira perfeita, e é exatamente isso que é o balé, “a busca do movimento perfeito, da harmonia”. Hélio, que se dedica de corpo e alma às aulas, recentemente passou por uma cirurgia, ausentando-se da academia por alguns meses. No início deste ano, ele voltou com tudo, e já tem mostrado a todos que não pretende abandonar o balé tão cedo.