De que adianta pular doze ondas, jogar flores para Iemanjá e vestir branco se no primeiro dia do ano, depois da ressaca, todos seus rancores e dissabores estão de volta à sua vida?
Por que comer lentilhas e colocar sementes de romã na carteira, para ter dinheiro, se durante o ano você continua a se comportar como se ele caísse do céu e não se esforça nem um pouco para melhorar sua condição de vida e permanece responsabilizando terceiros pelas suas falhas, seus gastos e seu fracasso?
De que adianta o vestido vermelho e usar lingerie nova, em busca de um novo amor, se seu o coração continua duro e julgador dos erros alheios?
Para que entoar mantras e orações pedindo paz no mundo e dias depois compartilhar inverdades, fofocas e destilar veneno no ambiente familiar, social ou de trabalho?
De que vale esvaziar gavetas e armários para dar espaço ao novo e ao mesmo tempo não desocupar a mente e a alma dos maus pensamentos e péssimas vibrações?
Idealiza-se muito, age-se pouco e reclama-se de tudo. Um novo ano, por si só, não muda nada. Quem precisa mudar para fazer acontecer somos nós. O primeiro de janeiro só funciona como marco de alguma transformação quando há determinação para tanto. O Réveillon, para muitos, pode acontecer em uma quinta-feira dezessete de um mês qualquer; um sábado vinte e cinco em julho; ou a sexta-feira treze de agosto, se assim estabelecermos.
A simbologia de ano novo é da renovação e do despertar, como um rito de passagem. De quebra ainda podemos participar de tantos outros anos novos, contando no calendário as datas comemorativas, como o ano novo chinês, o judaico (Rosh Hashaná), o wicca. Porém, um Eu Novo, por renovação de sentimentos e de projetos independem de data pré-estabelecida pelo calendário. Ele “nasce” sem festa e sem pessoas celebrando ao redor.
O Ano Novo pessoal é íntimo, introspecto e decidido. Os demais são festa. Trinta e um de dezembro/primeiro de Janeiro é celebração social repleta de brinde, abraços e beijos. O Ano Novo pessoal funde-se à determinação de se alcançar um objetivo. É um marco fixado tão profundamente dentro de nós que o Universo o reconhece e passa a agir de acordo com nossas determinações.
Não precisamos desistir da comemoração do Réveillon. Mas como o verbo – comemorar – define, reconhecê-lo como celebração.
O Ano Novo pessoal ultrapassa a celebração, passando a significar “minha própria verdade”. De nada adiantam mil promessas para o ano novo se você continuar o mesmo. Feliz “Ser Novo”, no dia que você determine!
Namastê!
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