Feitos em nosso ventre, amados e cuidados da melhor maneira possível, os filhos são nossas obras mais bonitas, por isso a dor da perda é mais forte do que qualquer outra.
Assim que uma mãe recebe a notícia de que está esperando um bebê, tudo automaticamente muda em sua vida. Não importam quantos filhos uma mulher tenha, a experiência de cada uma é única, intransferível e complexa demais para ser colocada em palavras.
A casa vai sendo preparada para receber aquela criança, roupas, móveis, quarto, a escolha de um nome, os primeiros movimentos no ventre, tudo culmina para o momento em que mãe e filho finalmente se conhecem.
Seja através de uma gestação própria, por barriga de aluguel ou adoção, uma criança é capaz de mudar todas as configurações de uma casa. Os hábitos dos adultos mudam, o sono se torna mais leve e passamos a andar sempre acompanhadas de uma amiga chamada “preocupação”.
Será que a criança comeu o suficiente? Será que está feliz? Está sentindo frio? A cabeça de uma mãe nunca descansa, os filhos passam a fazer parte de tudo o que elas fazem no dia, de forma direta ou indireta.
Uma mulher precisa ceder seu espaço para que a mãe se torne protagonista. Ela deixa de pensar de forma individualista e passa a pensar no coletivo, no bem-estar de todos os que moram em sua casa.
Esse comportamento altruísta, de as mães fazerem mais pelos filhos do que por si mesmas, nunca desaparece completamente, mesmo que eles já não sejam mais tão jovens assim.
Como podemos aceitar, então, que um filho parta antes de sua mãe? Na ordem natural das coisas, a mulher cuida de suas crianças na infância, ensina-lhes sobre a vida, sobre como se comportar, a serem gentis e amorosas com o próximo.
Essas crianças crescem, trabalham, dão-lhe orgulho, tentam retribuir tudo o que sua mãe fez, mesmo que não seja necessário, já que ela faz porque sente que precisa, não por esperar algo em troca.
Ver um filho partir é a maior dor que uma mãe pode sentir. Não porque ela simplesmente gerou aquela pessoa, mas porque nenhuma mãe foi feita para enterrar quem ela mais ama. Nenhuma mulher consegue superar a ausência de quem ela mesma colocou no mundo.
Como tapar as feridas que ficam? Aquela pessoa que se foi costumava preencher a casa com suas gargalhadas, nós acalentamos seu choro, passamos madrugadas acordadas curando suas doenças, nós a vimos crescer.
O luto é doloroso porque o elo entre mãe e filho existe antes mesmo de ele vir ao mundo. Toda mulher está intimamente conectada com suas crianças, foi abençoada com aquelas almas, teve que se reinventar para comportar os filhos em sua vida.
Ela dá tudo o que tem em seu corpo para fazer aquela pessoa: os minerais dos seus ossos, o próprio oxigênio e até seu sangue, ou seja, estão intimamente ligados pelo cordão da vida.
Como esperar que uma mãe saiba lidar com a perda de quem ela mesma colocou no mundo? Nenhuma mulher está preparada para isso, e não importa quanto tempo passe, a ferida nunca cicatriza.
O cheiro dos filhos ainda bebês permanece em nossas memórias, mesmo que, com o tempo, elas comecem a se esvair. Aprendemos a deixar a tristeza guardada dentro de nós, mas jamais aceitamos essa separação inteiramente.
Uma mãe é capaz de tudo pelo filho. Ela abre mão de si mesma para vê-lo prosperar. Mas jamais espere que ela saiba como enterrar um filho, uma mãe não nasceu para tamanha dor.
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