Leia Ouvindo: Red Lights – Tiesto
Ele sabia que eu ia, tínhamos amigos em comum, seria mais do quê normal ele saber. Um ano se passou da última vez que eu o vi. Jamais imaginei que fosse sentir algo por alguém tão distante. Tão dono do próprio nariz, o cara das inúmeras festas e harém. Ele não era o meu tipo, mas nem precisava ser. Eu já havia me envolvido mesmo que de longe, mesmo que só pelas conversas do whatsapp. Até imaginei que ele fosse na festa, mas sabe aquela ideia de encontro improvável?
Uma festa daquelas. Fazenda de uma amiga, final de semana para aproveitar. Fui de coração aberto e zero expectativa de qualquer coisa, afinal, a única coisa que eu queria era assistir o sol nascer da pista de dança. Por vezes, a melhor das escolhas é não agir e deixar o vento levar. Expectativa demais é frustração em dobro. Decidi me desligar e realmente entrar no clima do final de semana.
Era noite de outono, clima ameno, céu estrelado. Depois de algumas tequilas, ninguém era mais de ninguém. Casais começavam a se formar, eu e minhas amigas na pista, dançando como se ninguém estivesse vendo. Confesso que não via ninguém, me entreguei à música como quem se entrega ao amor verdadeiro. Eu tinha uma noite para aproveitar, amigas para rir, drinks e o vento fresco batendo no meu rosto. Era a tal da liberdade.
Quando a gente menos espera, a vida te vira do avesso e alguém te pega pela cintura. Pois é, ele apareceu na festa fazendo meu coração vir parar na boca e deixando minha espinha gelada. Ele disse no meu ouvido, “no caminho eu te explico”. Não tive tempo de pensar, peguei na mão e fui. Sem dar explicação à ninguém e me libertando de qualquer pensamento que me tirasse do hoje. Liguei o foda-se para o amanhã.
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Me permiti, essa é a verdade. Sem pensar em ligações ou num futuro bom. Me entreguei sem pensar numa manhã de domingo à dois ou numa ligação depois do almoço. Eu queria estar ali e ele também. Quando dei por mim, estava na antiga casa na árvore. Onde passei a infância com os meus amigos. Ali era só eu e ele, ninguém mais.
Nem no caminho, nem no destino final. Ele não precisava explicar nada, os nossos corpos falavam por si. Ninguém precisava saber, tudo aquilo era nosso. Sentimentos, abraços, encaixe perfeito de quem não se importa com o destino. No fundo, a gente sabia de tudo que ia acontecer.
Naquela noite eu realmente dei à mão ao acaso e não me espantei em pensar no futuro. Existem coisas que são tempo presente. Sem conjugação verbal ou rótulos. Eu achei um peito confortável para repousar e um cais no porto para dormir, que fosse uma noite, para depois voltar (a)mar mais uma vez.
Às vezes é assim, tempo presente e a gente contente. No caminho você não precisa me explicar nada, só segura a minha mão.