Ele é super inteligente. Nosso primeiro encontro foi num café, ele meio que atendeu meu pedido, eu estava cansada de festas, bares e cinema, queria algo mais calmo, um lugar onde eu pudesse conversar sem ouvir um “você vem sempre aqui?” ou “com manteiga ou sem manteiga?”, e outra, ele tinha cara daqueles homens que frequentam cafés, com seu cabelo meio grande e seu óculos com armação fina.
Como o carro dele estava em revisão, eu fui buscá-lo em casa, mas foi só quando ele entrou no carro que eu me dei conta da bagunça que eu havia deixado. “Desculpe a bagunça!”, disse sorrindo meio sem graça, “e esse livro é pra você, cê gosta, né?”, eu sabia que ele gostava de escrever, por isso pensei que ele gostaria de um Kafka.
Falamos sobre arte, sonhos e psicologia. Ele me contou sobre a forma que via a vida e sobre sua depressão, e eu amei, amei cada coisa que ele dizia. Falamos então de cinema e política, e só depois de cumprirmos todas essas pautas e o protocolos que resolvemos pedir um café.
Assumo, já estava pensando em como seria estranho pedir um café e esperar ele esfriar antes de beber, as pessoas geralmente acham estranha essa minha mania de beber café frio, por isso eu perguntei pra ele o que era bom, e ele disse: “Ah, isso aqui, isso e isso… Mas eu gosto mesmo é de café gelado, nunca tomo quente”, foi como música aos meus ouvidos, e rindo eu disse: “Eu também!!! E as pessoas acham isso SUPER estranho, mas eu amo”.
Depois de algumas horas, e dois cafés, nós resolvemos pedir a comida. E aí, eu resolvi partir para o primeiro teste: as escolhas. “Cheescake ou torta de limão?” e ele, de uma forma bem decidida respondeu, “hm… Cheescake”, e aí, eu sorri. Ele tinha passado no primeiro teste, eu já queria escolher esse mesmo. Passei o cardápio pra ele e disse, “agora sua vez, vai, escolhe o salgado”.
Ele ficou parado, lendo todo concentrado, falou sobre sanduíches e salgados com tanta propriedade que eu entendi o porquê desse ser o café favorito dele, e aí ele disse “mas acho que vai ser esse aqui. Bolo de alho poró e parmesão”, ele havia passado no segundo teste e eu ri. E ele respondeu sorrindo.
No meio dessas nossas conversas chegamos à conclusão de que nos relacionamentos da vida precisávamos de pessoas que soubessem ceder, que soubessem trocar as rédeas e serem os guias de vez em quando, que soubessem rasgar o mapa, que ao invés de haver só um norte e percorrer só uma direção, caminharíamos um mundo inteiro.
Descobri que ele escreve poesia; com teu sorriso encantador, com teus sonhos de percorrer o mundo, com palavras que dizem mais do que muitos sentem. Ele escreve e vive poesia, e seu nome é… Ah, deixe, isso é história pra outro dia.