Gleison e Glauco, de nove e sete anos, saíram para pegar pequenos pássaros na selva perto de Manicoré, no Amazonas, no dia 18 de fevereiro e acabaram se perdendo.
Poucas pessoas suportariam o desespero de se perder no meio da Floresta Amazônica e sobreviver por quase um mês. Os irmãos Gleison e Glauco, de nove e sete anos respectivamente, foram encontrados no dia 15 de março, depois de 26 dias perdidos na selva perto de Manicoré, no Amazonas.
O desaparecimento fez com que autoridades e membros das aldeias locais realizassem buscas do dia 18 de fevereiro até o dia 24 do mesmo mês, quando os serviços de emergência decidiram encerrar a procura por falta de provas. De acordo com reportagem do G1, os irmãos são da etnia mura, e tinham saído para caçar passarinhos quando acabaram se perdendo na floresta.
Claudionor Ferreira, pai dos meninos, informou que no momento das buscas, muitas pessoas apareceram. Eram cerca de 260 moradores, mas policiais militares, policiais civis e bombeiros da região, e mesmo assim os esforços acabaram não tendo resultado. Depois que as autoridades encerraram a procura, os moradores seguiram tentando encontrar os irmãos, mas também sem sucesso.
No dia 15 de março, o indígena da etnia munduruku, Manoel, estava abrindo caminho pela mata quando ouviu alguém pedindo por ajuda com uma voz fraca. Os irmãos estavam tão debilitados fisicamente que já não conseguiam mais andar, por isso o agricultor precisou levá-los nas costas até sua canoa.
![Depois de passarem quase um mês perdidos em floresta, irmãos ganham vaquinha virtual](https://osegredo.com.br/wp-content/uploads/2022/03/2-Depois-de-passarem-quase-um-mes-perdidos-em-floresta-irmaos-ganham-vaquinha-virtual.jpg.webp)
Assim que reencontraram os pais, as crianças foram levadas até o hospital mais próximo, mas como estavam debilitados, desidratados e desnutridos, acabaram sendo transferidos de UTI aérea até o hospital de Manaus, no Amazonas. Muitos acharam que se tratava de um milagre, mas os meninos contaram que sobreviveram tomando água da chuva e se alimentando de uma fruta típica da região, chamada sorva.
Na maior parte dos dias, Geison precisava carregar o irmão mais novo nas costas, mas nos últimos quatro dias antes do resgate, acabaram parando em um ponto fixo já que não aguentavam mais andar. Especialistas afirmaram que eles foram encontrados em um momento extremamente crítico, e o corpo já estava consumindo energia e proteína das próprias reservas.
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Os moradores ficaram surpresos com o resgate das crianças, e Claudionor disse que se sentiu extremamente feliz com o reencontro, com as emoções à flor da pele. Foram muitos dias precisando reforçar sua esperança, principalmente depois que as autoridades deram as buscas como encerradas, e ele precisou buscar os filhos sozinho, com a ajuda de amigos e conhecidos apenas.
Na internet, os usuários se organizaram para abrir uma vaquinha online para a família depois que as condições de moradia e de sobrevivência deles se tornaram públicas. Vivendo em uma casa de apenas dois cômodos, o casal possui 12 filhos e sequer tem geladeira em casa. A situação de vulnerabilidade social se estende principalmente às crianças, e muitas não têm cama para dormir, precisando passar a noite no chão ou na rede.
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Claudionor não possui renda, e ocasionalmente quando consegue trabalho na região, recebe menos que um salário mínimo. Seu trabalho anterior era levar as crianças e jovens da comunidade de barco até a escola, mas acabou perdendo esse emprego, o que deixou a família inteira ainda mais vulnerável.
A meta estipulada para doar à família dos meninos é de R$95 mil, e eles conseguiram arrecadar pouco mais de R$60 mil. É possível contribuir com valores fixos direto do site, ou realizar um PIX no valor que desejar. Os irmãos ainda seguem hospitalizados, tratando da desnutrição severa, e o plano dos organizadores é conseguir fazer a reforma na casa antes que eles recebam alta.