Após o desespero de ver a perna do filho dilacerada e peregrinar por quatro hospitais até conseguir atendimento no Hospital municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, a mãe de Nicolas Paz Vieira Souza do Nascimento, menino de 9 anos atacado por um pitbull na segunda-feira, dia 27, em São João de Meriti, conta os dias para voltar com a criança para casa.
Roberta Paz de Souza diz que o pequeno se recupera bem da cirurgia de reconstrução da panturrilha, mas acredita que ele vai precisar de acompanhamento psicológico depois do susto.
O Nicolas está muito assustado. Ele se treme inteiro enquanto está dormindo e acorda chorando, falando: “De novo, mamãe!”, como se tivesse sonhado com o ataque. Hoje, foi a quarta vez que isso aconteceu. Então, acho que ele vai precisar de um tratamento psicológico — afirma Roberta. — Ele sempre gostou muito de bicho, quando via um cachorro ou gato na rua, queria levar para casa e cuidar.
Não sei como vai ser daqui para frente quando ele vir um animal. Embora ele seja muito destemido, acho que vai ficar um trauma.
Os momentos de desespero ao rememorar o incidente se mesclam à expectativa de voltar a fazer o que ama: soltar pipa. Desapegado às tecnologias, Nicolas gosta mesmo é de se divertir na rua, conta Roberta:
— Quando voltar para casa, ele vai ter todo um cuidado, mas não vou proibi-lo de fazer coisas da idade dele.
Como ele mesmo diz, ele é uma criança raiz, não fica em videogame nem em celular. Gosta de jogar futebol, bola de gude, contato com os amigos…Ele é uma criança que brinca. Eu acho que isso não vai mudar no Nicolas. Ele também se julga pipeiro e está louco para voltar a soltar pipa.
Ainda não há, no entanto, previsão de alta. Roberta explica que, embora Nicolas esteja bem, os médicos decidiram mantê-lo na unidade para acompanharem de perto a cicatrização da cirurgia. E, como o cachorro ainda não foi localizado, diz, o menino está tomando as doses da vacina antirrábica.
— Como ele fez a reconstrução do músculo e mexeu muito na panturrilha, ele sente muita dormência na perna. Então, ele não consegue andar, dá apenas passos mínimos: da cama para a cadeira de rodas, quando quer escovar os dentes ou tomar café, por exemplo — conta. — Eu estou doida para voltar para casa, para ele ficar com os irmãos dele.
O sentimento agora é de agradecimento a Deus, ao meu vizinho que salvou meu filho e à equipe médica do Souza Aguiar, que fez um trabalho excelente. Achei que ele fosse ficar com um buraco na perna, mas a perna está perfeita de novo.
Relembre o caso
Por volta das 19h30 de segunda-feira, dia 27, Nicolas e o irmão Guilherme Souza, de 14 anos, soltavam pipa na rua em que moram quando notaram a aproximação do cachorro. Os filhos de Roberta começaram a tentar afastar o animal, que continuava acompanhando os dois. O mais velho, então, pegou o caçula no colo para protegê-lo, enquanto tentava fazer com que o pitbull saísse de perto deles.
O vídeo mostra que, em determinado momento, o cachorro morde a perna esquerda de Nicolas e, a partir de então, com a ajuda de um vizinho que chegava em casa do trabalho, todos começam a tentar fazer com que o pitbull soltasse o menino.
A Delegacia de Proteção ao Meio Ambiente (DPMA) vai investigar o caso. A especializada aguarda apenas que a vítima tenha alta para que a mãe dele, a manicure Roberta Paz de Souza, compareça à delegacia para prestar depoimento.