Entenda mais sobre a realidade do brasileiro nos últimos tempos.
O brasileiro tem passado por períodos difíceis nos últimos anos, tentando se acostumar e se readaptar a uma realidade de inflação.
Os preços aumentaram de forma muito significativa, e desde nos alimentos até na gasolina, e com os salários sem previsão de aumento, muita gente está tendo que encontrar uma maneira de sobreviver e sustentar a própria família.
A pesquisa Costumer Insights 2022, da Kantar, deu dados claros, que mostram como a inflação tem atingido a alimentação dos brasileiros, que estão trocando o almoço, tido como uma das refeições mais importantes do dia, por lanches.
Segundo as estimativas da pesquisa, um almoço atualmente custa cerca de $ 43,94 nas regiões metropolitanas do país, um número muito elevado, especialmente se comparado a um salgado ou sanduíche, com a média de valor de R$ 10,43.
A discrepância de valores tem feito várias pessoas diminuírem os seus critérios para manter a barriga cheia nesse período de crise.
Letícia do Vale, uma estagiária de enfermagem de 23 foi ouvida pelo Isto É, e relatou que prefere comer lanches do que uma refeição completa, e justificou sua escolha mencionando a “praticidade, sabor e custo”.
O mesmo estudo, que comparou o primeiro trimestre de 2022 e o mesmo período em 2020, também relatou que o consumo de lanches dos brasileiros aumentou 3,9% e o de refeições caiu 3,3%, mesmo que os lanches tenham ficado 11% mais caros.
Maria Isabel, uma vendedora de alimentos de rua da Lapa, contou ao portal de notícias que o seu cachorro-quente simples custa R$ 6,99, e o mais caro, com bacon, é vendido por R$ 7,99.
Pela grande diferença de preço, ela tem ganhando mais dinheiro do que costumava, já que muita gente prefere os seus salgados do que um prato de arroz, feijão e carne.
O que dizem os nutricionistas
Embora no topo da preocupação dos consumidores esteja o preço, é também necessário refletir que essa severa mudança na alimentação também tem afetado a saúde da população.
Raquel Righi, nutricionista da Clínica de Nutrição e Qualidade de Vida, disse ao IstoÉ que um prato de comida contém, em média, 600 calorias. São 55% de carboidratos, 20% de gorduras, 23% de proteínas,12g de fibras e 1.000 mg de sódio, além das vitaminas que variam com os legumes e verduras.
Em comparação, ela relatou que um hambúrguer com bacon e queijo tem, em média, 700 calorias, sendo 60% de gorduras, 23% de carboidratos e 17% de proteínas.
Nos lanches mais baratos, o sódio sobe para 1.800 mg, enquanto que a quantidade de fibra cai para 1,8g e as vitaminas também diminuem de quantidade.
Essa realidade tem um efeito prejudicial na saúde. Flavia Auler, especialista em Terapia Nutricional, explicou que a deficiência de ferro e zinco, decorrente da alimentação de menor qualidade, pode acabar levando à queda de cabelo e unhas fracas.
Sabendo que muitas pessoas acabam tendo que comer fora, ela deu uma poderosa dica: “evitar frituras” e dar preferências a assados, escolhendo uma marmita sendo que possível.
Queda no consumo de proteína
Nesse período de crise, os brasileiros tem diminuído drasticamente o consumo de carne, é o que revela a Companhia Nacional de Abastecimento, que mostrou que o consumo per capita de carne bovina caiu de 34 kg em 2019 para 26 kg em 2021.
Alessandra Luglio, nutricionista especialista em alimentação vegetariana e consultora da N.OVO Planted Based, empresa que produz alimentos à base de vegetais, acredita que essa queda dá aos brasileiros uma chance de variar no cardápio e conhecer coisas novas.
Na sua empresa, ela propõe feijões, ervilha, lentilha, grão-de-bico e soja como substitutos, explicando que “as leguminosas são nutritivas, acessíveis e rendem muito se comparadas a qualquer carne”.