Shoko cresceu dentro da organização criminosa mais perigosa do Japão e foi tratada como escrava sexual!
Quando tinha apenas 6 anos, segundo a Superinteressante, Shoko Tendo ouviu barulhos no escritório de sua casa e curiosa foi ver o que estava acontecendo. Espiando pela porta, presenciou uma cena horrível, que seria apenas o começo de sua longa e triste história: um homem ensanguentado entregava ao seu pai uma caixa com um pedaço do próprio dedo, que ele próprio acabara de decepar.
A automutilação testemunhada pela menina é um ritual típico da Yakuza, em que os mafiosos entregam um pedaço do próprio dedo como “pedido de desculpa”, se cometem um erro. Por meio do livro “Yakuza Moon — memórias da filha de um gângster” (2007), Shoko Tendo conta outras histórias horripilantes ocorridas dentro da organização criminosa mais temida do Japão, inclusive que virou escrava sexual dos mafiosos.
Shoko conta que, na infância, foi abusada sexualmente por um dos capangas de seu pai e desde então nunca mais confiou nos adultos. Aos 12 anos, com tamanha influência das pessoas na organização criminosa, a jovem se tornou usuária de drogas, por isso foi para um “reformatório”.
Segundo o Extra, por cerca de cinco anos, ela foi escrava sexual da Yakuza com o consentimento do próprio pai, que permitia que ela fosse seguidamente estuprada por membros da máfia.
Infelizmente, na máfia japonesa, é comum jovens e mulheres serem abusados pelos membros com o consentimento do chefe da família. As próprias esposas são vítimas de abuso sexual para satisfazer os prazeres dos comparsas. No livro, Shoko conta que era levada para quartos de hotéis e estuprada diversas vezes durante a noite, o que a deixava com feridas e escoriações.
Aos 16 anos, a vida da menina ficou ainda mais conturbada, porque os negócios do pai iam mal e a família perdeu tudo, mergulhando ainda mais nas drogas e passando a fazer sexo em troca de dinheiro para financiar o vício. Nessa época, Shoko era espancada constantemente pelos homens com quem se envolvia, que em sua maioria eram gângsteres, como seu pai. Certo dia, seu rosto ficou tão machucado, que precisou de cirurgia plástica.
Aos 20 anos, Shoko Tendo já estava marginalizada pela sociedade japonesa e tomou a decisão radical de seguir as tradições da Yakuza e tatuar todo o corpo. Os desenhos gravados na pele simbolizam o clã ao qual o mafioso pertence e indicam também que a pessoa é capaz de suportar qualquer dor em nome da organização. Com mais de 100 horas de sessão, Shoko cobriu o tórax, braços, peito e seios com tatuagem.
De acordo com entrevista à Superinteressante, sua intenção com as tatuagens nunca foi se assumir como integrante, mas apenas chocar e fazer as pazes com sua origem. Nos anos de envolvimento com a Yakuza, Shoko nunca presenciou um assassinato, mas já viu outras coisas bem pesadas, como o espancamento de pessoas com barra de ferro, até quase a morte. A escritora revela que esfaqueou um antigo namorado e usou armas de fogo, mesmo sendo algo proibido no Japão.
Ainda conforme a revista, Shoko afirma que a Yakuza é uma organização criminosa em que as mulheres nunca conseguiram espaço com facilidade, pois “os mafiosos japoneses não acreditam que uma mulher estaria preparada para morrer protegendo seus chefes”.
Embora seu pai tenha sido mafioso, a mulher tem orgulho de sua origem e afirma que ele foi o homem que lhe ensinou a ter caráter.
Enquanto esteve envolvida com a organização, precisou de várias cirurgias por causa da violência que sofria. Shoko, que abandonou as drogas, rompeu o elo com a máfia, usa atualmente a escrita para “exorcizar os demônios”. Mãe solo de uma menina de 8 anos, garante ser a filha sua principal fonte de alegria.
Se você presenciar um episódio de violência contra a mulher ou for vítima de um deles, denuncie o quanto antes pelo número 180, que está disponível todos os dias, em qualquer horário, seja para ligar ou enviar mensagens pelos aplicativos WhatsApp e Telegram.