Gabrielli Silva, residente do Rio Grande do Sul, confirmou neste domingo, 12, a morte de sua filha Agnes, de seis meses, que estava desaparecida há uma semana. A bebê é uma das vítimas da tragédia que já matou ao menos 147 pessoas no estado.
“A nossa luta diária de cada segundo de angústia acabou e agora você pode descansar no colo de Deus, minha vidinha”, escreveu Gabrielli em suas redes sociais. “Te amo daqui à eternidade.”
A mãe relatou que Agnes desapareceu quando o barco que resgatava a família virou durante a enchente em Canoas, onde moravam.
Como vou continuar caminhando sem me culpar por tudo? Sei que ninguém teve culpa! Ninguém! Muito menos as pessoas que se disponibilizaram a nos salvar, a todos que estavam dando a vida para nos salvar, toda minha gratidão, vocês são meus heróis escreveu Gabrielli
Conhecida como Miss Simpatia pelos pais, Agnes aparecia sorrindo em várias postagens familiares, geralmente ao lado de sua irmã gêmea, Ágata. Na publicação mais recente, porém, o macacão que vestia aparece vazio.
Agora este vazio da foto vai ser eterno, agora a saudade e a lembrança vão fazer morada desabafou Gabrielli
O Rio Grande do Sul enfrenta a maior tragédia climática de sua história, com fortes temporais desde o dia 29. De acordo com a Defesa Civil estadual, 447 dos 497 municípios foram afetados, e mais de 500 mil pessoas foram forçadas a abandonar suas casas. Em decorrência das chuvas, 127 pessoas ainda estão desaparecidas.
Veja a postagem de Gabrielli para sua filha
Resgate das crianças no RS
Devido à tragédia causada pelas fortes chuvas que atingem o Rio Grande do Sul desde o fim de abril, muitas famílias foram levadas para abrigos. O resgate de casas quase submersas frequentemente resulta na separação de crianças de seus responsáveis.
Jeferson Leon Machado da Silva, presidente da Associação dos Conselheiros Tutelares do Rio Grande do Sul, destaca que um dos desafios é identificar crianças e seus responsáveis, que podem estar em abrigos diferentes.
Não está fácil essa identificação, mas ao mesmo tempo as equipes não estão facilitando para entregar qualquer pessoa que diga que é pai e mãe diz Jeferson
Em cidades como Canoas e Porto Alegre, que estão entre as mais afetadas, foi estabelecido um fluxo específico para esses casos.
Em entrevista ao podcast O Assunto, Jeferson explicou:
Quando chega uma criança e ela não está com a família, [ela] vai diretamente para o acolhimento institucional
Muitas vezes, as crianças podem não saber sua identificação completa, o que requer um cuidado maior ao entregar menores aos que se apresentam como seus responsáveis, que também podem estar sem documentos.
Neste cenário, o trabalho de assistentes sociais e psicólogos é crucial para analisar afinidades e verificar dados de cadastro.
Jeferson citou como exemplo o resgate de uma família onde os adultos foram levados para a cidade de Guaíba, enquanto a criança foi encaminhada para Porto Alegre.