O empresário Antônio Gregório de Almeida, de 62 anos, conhecido em Curitiba por seu carisma e atenção aos clientes, morreu após ser empurrado na lanchonete que administrou por mais de 25 anos. Seus amigos o descrevem como um verdadeiro pai para todos, sempre pronto para oferecer conselhos.
Em 1999, Antônio e sua companheira decidiram investir suas economias em um carrinho de cachorro-quente. Inicialmente, os cachorros-quentes eram preparados de maneira tradicional.
Porém, em 2004, Antônio decidiu inovar, expandindo o carrinho para incluir cachorros-quentes prensados no menu, deixando de lado seu emprego anterior como frentista.
O negócio operava todos os dias da semana com o suporte do ex-genro de Antônio, que ajudava a anotar pedidos e administrar os pagamentos, enquanto Antônio e sua companheira preparavam os lanches. Sua filha mais velha também colaborava com o empreendimento.
Com o tempo, a popularidade dos cachorros-quentes cresceu significativamente, levando a filas constantes de clientes. Isso motivou Antônio a expandir seu espaço de venda.
Muita gente fazia fila para comprar o cachorro-quente dele. Aí ele viu a oportunidade de aumentar o espaço relata Herley Mehl Amancio Garbuio, engenheiro eletricista e amigo de longa data
Em outubro de 2017, Antônio conseguiu adquirir um local onde antes funcionava uma farmácia, transformando-o em uma lanchonete com serviço de delivery.
Ele reformou o espaço e contratou cerca de 12 profissionais para lidar com a alta demanda diária.
Trabalhavam dia e noite e nunca fechavam. Muita gente fazia fila para comprar o cachorro-quente dele. Aí ele viu a oportunidade de aumentar o espaço. disse Herley Mehl Amancio Garbuio, engenheiro eletricista e amigo de Antônio

Apesar do sucesso da lanchonete, Antônio manteve o carrinho original em frente ao estabelecimento como um símbolo de suas humildes origens.
Mesmo assim, ele manteve o carrinho na frente da loja. É um símbolo da história dele. Seu Antônio abriu a loja, contratou mais funcionários e montou o quadro dele com muitos colaboradores acrescenta Garbuio, destacando a trajetória de crescimento e dedicação de Antônio ao seu negócio e à comunidade
Como um membro da família
Os clientes destacam a maneira carinhosa como Antônio os tratava, fazendo-os sentir parte de sua família. Elaine Dalagassa, esteticista de 46 anos e cliente de longa data, considerava Antônio como um verdadeiro membro de sua família.

Ele nos conhecia pelo nome. Sempre falava sobre as filhas dele, éramos como uma família, criamos muitos vínculos. Passei por diversas etapas da minha vida e sempre contando para eles relata Elaine
Sempre pacífico
Herley Mehl Amancio Garbuio, engenheiro e amigo próximo de Antônio, afirma nunca ter testemunhado qualquer agressividade de sua parte, seja com funcionários ou clientes. Herley frequentava a casa de Antônio e até viajou com ele.
Com o passar do tempo, convivi mais com a família. Eu praticamente era de casa. Fazíamos churrasco, bebíamos umas, viajamos três vezes para Foz do Iguaçu e ele sempre com uma serenidade grande.
Era como um pai para todos. Conhecia e sabia o nome de todos os clientes. Nunca vi nenhuma situação que pudesse dizer ao contrário. Ele sempre foi rígido e certo com as coisas diz Herley
Um homem de muitos amigos
Fernando Jacomel, guarda municipal e cliente habitual, enfatiza que o bom tempero e a conversa sempre agradável de Antônio atraíam muitas pessoas.
Ele sempre fez um atendimento de excelência, cuidava da lanchonete de uma maneira diferenciada. Tinha muitos amigos, uns até que iam lá somente para passar a noite conversando e acompanhando o movimento com ele.
Seu Antônio fez história no bairro e fez muitos amigos. Gente que, como eu, vai sentir muita falta dele. comenta Fernando.
Revoltas e investigações

Os familiares e amigos de Antônio estão indignados com sua morte. Elaine Dalagassa expressa sua tristeza: “Fiquei muito triste com a notícia, sem acreditar, porque eles eram generosos, atenciosos, prestavam um bom atendimento. Na minha casa, ficamos muito abalados, houve choro, pois é inacreditável uma morte assim, revoltante isso tudo, não dá para acreditar ainda.”
Antônio deixa esposa, três filhas e seis netos. A Polícia Civil continua as buscas pelo motoboy acusado de empurrá-lo, resultando em sua morte após uma discussão sobre o troco de uma entrega.
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Câmeras de segurança capturaram o início da discussão que se intensificou, levando ao trágico empurrão que causou o traumatismo craniano de Antônio.
O motoboy, que tentou ajudar Antônio após o incidente, está foragido. As autoridades fizeram buscas em sua residência e outros locais possíveis, mas ele ainda não foi localizado.
A delegada Camila Cecconelo informa que apesar dos desentendimentos anteriores, nunca haviam ocorrido agressões físicas entre Antônio e o motoboy, que trabalhava há cerca de quatro anos na lanchonete.
A lanchonete Esquina Dog expressou seu pesar pela perda:
Com profundo pesar, informamos o falecimento de seu Antônio Gregorio de Almeida, dono deste estabelecimento. Ele deixou um legado e muitas saudades. Que Deus o receba, descanse em paz foi a homenagem postada pela empresa nas redes sociais