Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra o momento em que o líder de um grupo que se disfarçava de policiais tortura e executa um homem na Grande Curitiba, que implora por perdão pelos seus pecados.
A identidade da vítima ainda não foi revelada e, até o momento, a localização do crime permanece desconhecida.
Kainan Wesley Batista Meira, identificado como o chefe da quadrilha, foi um dos alvos de uma operação realizada na manhã desta quinta-feira (10) em Curitiba, Colombo e Almirante Tamandaré.
Cerca de 80 agentes da Polícia Civil cumpriram 14 mandados judiciais contra os criminosos e prenderam dois deles. No entanto, Kainan não foi encontrado e continua foragido.
No vídeo, Kainan e pelo menos outros dois homens aparecem atacando um homem a facadas em um matagal.
Os criminosos, trajando roupas que imitam fardas da Polícia Civil, executam a vítima enquanto ela suplica por clemência. “Pelo amor de Deus! Meu Jesus, perdoa meus pecados. […] Livra minha alma do mal, me salva…”, clama a vítima enquanto é atingida com a faca. “Agora já era”, afirma Kainan durante o assassinato.
Em outro vídeo — que a Banda B decidiu não divulgar devido à brutalidade das imagens — a vítima aparece com uma faca cravada no pescoço. “Demorou 20 anos, seu merda! Demorou 20 anos, seu lixo! Ó o pescoção”, grita Kainan após cometer o crime.
A motivação por trás dos crimes
De acordo com a delegada Magda Hofstaetter, os crimes atribuídos a Kainan Wesley estão relacionados ao tráfico de drogas e a uma vingança pela morte de seu pai, ocorrida há cerca de 20 anos. Naquela época, homens também disfarçados de policiais invadiram a casa da família e assassinaram seu pai.
Essa morte do pai foi praticada também por pessoas usando roupas com emblemas da Polícia Civil. Quando chegaram até a casa deles, executaram o pai do Kainan. Então, há a suspeita de que ele tenha se vingado de alguma dessas vítimas pela morte do pai explicou a delegada.
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O grupo liderado pelo suspeito pode estar envolvido em até 30 homicídios registrados nos últimos três anos — entre 2022 e 2025 — no bairro Abranches, em Curitiba, além de Colombo e Almirante Tamandaré.
Em algumas ocasiões, eles abordaram as vítimas e as executaram no mesmo local. Em outras situações, eles chegaram a sequestrar essas vítimas, agrediram e torturaram antes de executarem elas em área erma ou de mata fechada disse Magda Hofstaetter, delegada da Polícia Civil.

A Polícia Civil está apurando a conexão do grupo em pelo menos seis homicídios ocorridos em Curitiba. Kainan, que se encontra foragido, é alvo de investigações por homicídio qualificado — uma infração cuja pena pode alcançar 30 anos de reclusão por cada vítima.
Os homicídios sob investigação
Um dos crimes atribuídos ao grupo é o duplo assassinato que aconteceu em janeiro de 2022 em um lava-car na Rodovia dos Minérios.
Quatro homens encapuzados e trajando fardas policiais desembarcaram de um carro e dispararam várias vezes contra duas vítimas, conforme noticiado na época. A execução foi capturada por uma câmera de segurança.
Outro caso aconteceu em maio de 2023, quando um homem de 32 anos foi perseguido e morto com mais de 40 tiros disparados por três suspeitos armados.
Em outubro de 2024, um novo assassinato foi registrado no mesmo bairro: a vítima foi morta com mais de 10 tiros na frente de um supermercado.
O crime mais recente ocorreu em 8 de março deste ano. Um homem que passava pela rua foi alvejado a tiros por um indivíduo que rapidamente fugiu após o ataque.