Quantas vezes fingimos? Muitas. Fingimos quase a vida inteira. Fingir é o mesmo que fazer de conta, esse jogo que aprendemos na infância e que estimula a imaginação e a criatividade.
Só que fingir na vida adulta é muito diferente das brincadeiras de criança: os grandes raramente admitem que estão usando máscaras. A criança é sincera, espontânea e sabe sempre qual é a hora certa de parar o faz de conta. Ela sabe ser ela própria.
Já nós, os adultos, carregamos máscaras o tempo todo, enganando a nós próprios e aos outros, pois vivemos numa era impregnada de aparências: o carro novo, o casaco fashion, a promoção no trabalho, as unhas postiças, etc… A lista poderia ser infindável.
A sociedade quer que sejamos o que não somos na essência: seres competitivos. A sociedade quer sempre mais e melhor de nós. E o melhor é fazer de conta que você é quem você não é, porque há contas para pagar no fim do mês e os filhos para manter.
Na essência, você é divino, é um ser espiritual de luz e amor que veio à terra experimentar lições de amor e de perdão.
É mais fácil seguir o rebanho do que traçar um caminho diferente. Fingimos que tudo está bem na nossa vida porque é muito difícil trocar a ordem das coisas. Ainda que saibamos que não somos felizes, decidimos ficar onde o fluxo da corrente corre mais fácil. Quebrar a rotina, ousar e lutar pelo caminho certo dá muito trabalho!
Muitos me dirão: «Mas eu sou feliz assim, por que é que eu deveria mudar?» ou «Que conversa sem graça, essa!» Pois é. Felizes os que se sentem bem na sua pele, que todas as manhãs acordam tranquilos e com alegria para começar mais um novo dia. Felizes os que amam a sua família e o trabalho que têm. Mas e os outros?
Falo dos que vivem só para agradar os outros, que fazem as coisas contrariados, que sentem angústia constantemente e até ficam doentes.
Será que têm feito o que a alma quer ou o que o ego dita? Será que aquele jovem vai estudar medicina porque ele ama ajudar e servir os outros ou é só porque lhe dá estatuto e estabilidade financeira no futuro?
Às vezes fingimos não ver os sinais, porque pode ser muito doloroso deixar cair a nossa máscara e enfrentar o que a gente quer de verdade.
É tão difícil arriscar ser feliz por dentro, com a alma inteira, que raramente ousamos saltar as barreiras que nós fomos construindo com a ajuda de quem nos rodeia. Permanecemos fechados nesse mundo de aparências, de ordens e de regras que não nos deixam ser quem nós somos de verdade: almas livres.