Aniversários e finais de ano sempre me fazem refletir sobre os últimos trezentos e sessenta e cinco dias que se passaram… Acho que muita gente é assim, né? E na minha vida as duas coisas ainda são bem próximas… Neste ano em particular eu tenho realmente me preocupado em formar uma pessoa de quem eu tenha orgulho. E não só isso… Que essa pessoa seja um reflexo do que eu quero pra mim e não das aspirações alheias a meu respeito. Em síntese, ser quem eu desejo ser.
Talvez eu ou você não estejamos exatamente onde queríamos na escala social, achemos que uns quilinhos a menos não fariam mal, ou que ganhar aquele aumento poderia ser bacana, mas no todo podemos ter evoluído como pessoa.
Podemos ter nos tornado mais tolerantes, respeitando a forma do outro de pensar e de viver, podemos ter aprendido um idioma, descoberto um interesse novo – algo com que realmente nos identificamos – ou termos conhecido uma nova forma de nos divertirmos sozinhas. E como aqueles quilinhos a mais (que inclusive você pode ter aprendido a aceitar) ou aquele chefe que pegou no no seu pé durante este ano podem esconder ou apagar esse brilho, esse novo poder que você se permitiu criar?
Nada disso pode e nem deve impedir que você sinta orgulho de estar se fazendo feliz e de ter crescido em alguma medida! Este ano pode não ter sido o melhor dentre todos que você já viveu, mas, se tiver conseguido se tornar interessante para si mesma, isso deve ser razão suficiente para que você se ame em sua imperfeição.
É isso mesmo! Amor próprio pouco tem a ver com perfeição. Acredito que se trata mais de perceber as próprias evoluções, em admirar e reconhecer suas próprias qualidades que necessariamente em alcançar cada sonho que sua cabeça já possa ter criado. Humildade e automenosprezo são coisas bem diferentes. Ser humilde é bacana; não conseguir enxergar que existem maravilhas dentro de você pode chegar a ser destrutivo. Além disso, essa noção de que temos que realizar tudo (o que importaria em deixar de ter sonhos) normalmente não nos torna felizes, apenas sem objetivos e desmotivados.
Em particular, eu tenho curtido minhas músicas em alto e bom som ao ficar sozinha, estudado sobre feminismo (leia mais sobre aqui), empoderamento e espiritualidade. Tenho tentado me posicionar diante da vida, buscando apreender informações sobre os assuntos que considero relevantes e tirar minhas conclusões acerca deles, sem me prender demais a certas convicções e sem me colocar a obrigação de estar sempre certa e de não poder mudar de ideia; fazer a diferença em pequenas coisas, como com uma gentileza ou um ato de boa vontade. E assim tenho tentado me trazer mais leveza, simplicidade e felicidade.
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Nesse cenário, sempre que consigo realmente me conectar com uma música nova, um texto tocante ou um assunto que me comove tenho me permitido submergir nesse mundo e experimentá-lo com toda a minha intensidade e, quando o sentimento de identidade surge – aquele em que você se reconhece em algo fora de si -, tenho conseguido me proporcionar pequenos momentos de uma sensação de completude mágica e formar um pouquinho mais do meu eu.
Não precisamos também ignorar nossos defeitos. Eles são parte de toda essa complexidade que nos forma e é deles que partimos para melhorar em algo. Nós somos uma eterna construção de nós mesmos em nossa personalidade e caráter. Então, não se culpe por ~ não estar pronta ~.
Permita-se curtir essa viagem que a vida nos dá sem cobranças extremadas, se amando e se orgulhando de estar constantemente se formando como pessoa. E aproveita e conta pra gente: o que, neste último ano, fez você se sentir feliz consigo mesma?
Texto escrito por Guadalupe Sampaio – Originalmente publicado no Superela.
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