Máquinas, aparelhos, sistemas têm seus manuais de instrução. Podemos até tentar fazer diferente e dar certo, mas nem sempre mudar o procedimento vai fazer com que as coisas funcionem bem.
Coisas, isto mesmo. Estamos longe de sermos coisas e divagamos porque não somos fáceis de operar, que com um simples ajuste tudo volta ao seu lugar ou pelo menos que as nossas peças se encaixem e se resolvam.
“Faça assim que vai ficar tudo bem, aja deste jeito que tudo se resolve, pense desta forma que é o correto.” Pera aí. Assim tá muito fácil não? Primeiro, que pessoas não são iguais, não pensam iguais, sentem de maneiras diferentes e interpretam o mundo de uma forma muito peculiar.
É por sermos diferentes que a vida funciona de uma forma alternativa e nós a administramos de um jeito bem particular. Podemos fazer exatamente como o outro, mas em determinados momentos vamos obter um retorno diferente do outro.
O amor nem sempre se conquista com as mesmas simpatias, a dor nem sempre passa com o mesmo remédio, os sonhos não se realizam se traçarmos os mesmos caminhos.
Somos tão únicos que nos frustramos quando nosso desejo não se realiza no mesmo tempo da outra pessoa mesmo participando das mesmas correntes de orações, das mesmas filosofias de vida, das mesmas práticas religiosas. É que justamente nossos tempos não são iguais.
Livros, orações, mentalizações, meditações, simpatias, funcionam ou não na medida da crença de cada um. E quem consegue medir a crença? Medir uma vontade, ou a fé? Não é porque para o outro deu certo e para a gente não, que nossas atitudes e esforços deverão cair por terra.
Claro que não. É que a receita de fé talvez precisasse de um ingrediente a mais ou a menos. Ou talvez não seja nem a fé…
Sempre vale buscar inspiração nas pessoas, nos exemplos. Também valem nosso exemplos e nosso testemunho sobre o que fizemos para chegar às nossas conquistas, mas aí dizer que existe uma fórmula certa é um pouco de atrevimento. Assim, já existiria o grande manual da vida: leia, coloque em prática e pronto!
E quando dizem que a felicidade está em nós, socorro! Quem vai nos estudar e depois transcrevê-la? E se não concordarmos com a prescrição? E se o tratamento não der certo? Sim, porque o que a gente menos faz é observar e cuidar da nossa própria vida.
Então, que tal superarmos nossas angústias e frustrações pelo que não deu certo quando tentamos fazer como os outros, nem julguemos os outros por não terem tido o êxito que tivemos?
Nada nem ninguém será igual. O que é para mim, nunca será para você. É na incerteza do que somos e do que não sabemos que vamos nos construindo e, como diria Friedrich Nietzsche, “ não há fatos eternos, como não há verdades absolutas.”