Existem muitas pessoas que não gostam do Natal e que verbalizam isto dando as mais variadas justificativas. Desde a perda de alguém querido até o questionamento pelo excessivo apelo comercial, muitos se colocam avessos ao clima natalino e tudo que o rodeia.
Sempre me questiono o que fazem estas pessoas no Natal, se preferem dormir ou se acabam se rendendo e comemorando a mais familiar das festas do ano.
Natal é família e talvez quem sente algum mal estar nesta época do ano carregue de forma consciente ou não alguma pendência familiar ou mesmo sinta mais de perto a distância dos que são a sua origem.
Enquanto parece bem fácil se encantar nesta data quando se tem crianças ao redor, me parece que os que estão mais perto do fim da estrada se tornam mais depressivos. As propagandas na TV muitas vezes apelam para os mais velhos para mostrar a importância de “estar com os seus” e foi neste clima que vi uma campanha para presentear idosos no Natal. A campanha mostrava fotos dos moradores de vários asilos no estado de São Paulo mostrado uma folha de papel na qual estava escrito o que gostariam de ganhar de presente do “Papai Noel”. Foi difícil não marear os olhos e engolir aquele caroço na garganta ao ver aquelas fotos e não me perguntar onde está a família de cada um deles. É na velhice que vivenciamos a resposta pelo que fizemos durante toda a vida. Muitas famílias, ao serem questionadas pelas razões que as levaram a abandonar seus “mais velhos”, respondem que eles não foram tão bons assim e contam sobre os capítulos de uma vida muitas vezes nada gentil. Outros estão presos aos obstáculos financeiros e operacionais. Em resumo, mesmo sem ter razão, todos têm as suas razões.
E cá estamos nós, comemorando a simbólica data de nascimento de um grande mestre. Então, caso você não tenha nada para fazer neste Natal, ou esteja pedindo para que tudo isso passe logo, eu lhe convido a olhar de outra forma para o dia vinte e cinco de dezembro.
Pode ser bem bacana levar aos idosos um ou mais presentes e refletir sobre o que nos ensinou este homem bacana que veio ao mundo da forma mais simples que encontrou. Na manjedoura, rodeado por animais, por magos e por seus pais ele já nos mostrou que nascer aqui na terra é necessitar de auxílio – auxílio este que se ilustra na figura dos nossos pais. Sejam pais biológicos ou não, é preciso perceber e tomar consciência de que um dia precisamos, e muito, daquelas pessoas. O Natal nasce com aquela família e por isso o Natal para todos nós é em família.
Ao longo de sua jornada o mestre continua nos mostrado a importância de viver ao lado dos seus e com a chegada de sua grande missão ele escolhe uma família. Ele não segue sozinho. O Cristo nunca foi só, nunca esteve só. Foi junto de sua família que ele nos mostra uma lição a qual convido a olharem com olhos de ver e então a entender a importância de sua presença entre nós. Assim como todos os outros mestres, Jesus Cristo falou de amor, e agiu insistentemente para nos mostrar como amar. Sabe aquele amor que você sente por alguém? Alguém como seu filho, seu neto, seu companheiro, sua mãe ou seu pai? Imagine agora como seria amar a qualquer ser humano daquela forma! Imagine-se amando ao seu colega de mesa, ao seu adversário político, à atual esposa do seu marido, ao seu vizinho chato, ao ladrão corrupto da capital do país, ao piloto negligente que provocou a queda do avião ou ao líder da denominação religiosa contrária à sua.
Imagine-se amando cada ser humano deste planeta da forma como você consegue amar a tão poucos!
Parece impossível não é mesmo? Pois é exatamente isso que faz do Cristo o maior de todos os mestres. Ele amou a todos e a cada um desta forma tão infinita enquanto muitos não conseguem sequer amar a si mesmos.
Neste Natal, caso você ainda esteja engessado pelas fraturas da vida, tente imaginar a imensidão de luz que significa conseguir amar a si e então amar ao outro da mesma forma. Lembre-se que a nossa vida começa e termina na família e se você não tem uma, procure-a, mesmo que seja junto aos idosos que ilustram as fotos pedindo presentes que nada mais são do que desculpas para ter também uma família no dia de Natal. Talvez amanhã estejamos ilustrando as fotos com nossos pedidos e seria muito bom que todos tivessem, ao menos neste dia, uma família.