A história do turbante é composta por muitas outras histórias, e a grande maioria delas ainda é desconhecida. Porém basta uma breve pesquisa para perceber que o uso deste não pode ser atribuído a nenhuma cultura específica. Devido à sua simplicidade, beleza e utilidade, turbantes têm sido usados contemporaneamente, desde épocas remotas por povos do mundo inteiro.
É bastante fácil perceber que o uso de turbantes nunca poderá ser classificado de “apropriação cultural”.
O que se pode classificar, são as peculiaridades do uso deste item dentro de cada cultura e em cada época de sua história, uma vez que o turbante é patrimônio mundial, e não propriedade de determinados grupos.
Turbantes têm composto o vestuário de povos em diversas partes do mundo ao longo da história, incluindo Ásia, Índia, Europa, África, Afeganistão, Américas e Oriente Médio. O uso deste item é tão antigo e difundido no mundo, que é impossível certificar onde surgiu. Existem registros que datam da antiga Mesopotâmia.
“Estou usando turbante porque estou careca, faço quimioterapia, tenho câncer”.
Então, o que faz uma mulher negra brasileira dizer a uma mulher branca também brasileira que ela não pode usar turbante porque não tem a permissão para tal? A resposta é: ignorância. E neste caso a ignorância recebe como lição a resposta mais justa: “estou usando turbante porque estou careca, faço quimioterapia, tenho câncer”.
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Baseado no raciocínio desta preconceituosa moça afrodescendente eu poderia, por exemplo, processar Beyoncé por ter pintado seu cabelo de loiro, apropriando-se assim da “minha cultura”.
Bato insistentemente na mesma tecla: brasileiro é o “povo rei” da vitimização. Descumprem as leis, não cumprem seus deveres; porém, adoram exigir seus direitos. Acham e pensam que podem sair por aí fazendo o que bem entendem e quando são orientados sobre a ordem social, começam a gritar e espernear. Se jogam no chão feito crianças birrentas e transformam tudo em show.
Nos países africanos, uma das formas de receber os visitantes é oferecendo-lhes turbante e outros adornos utilizados pelo povo local, bem como no Havaí somos sempre recebidos com o tradicional colar.
Na Escócia as kilts estão a venda em quase todas as lojas e eu mesma posso ser vista por aí no inverno me apropriando da cultura das highlands; ou seja, a tal conduta de acusar o outro de apropriação cultural caminha na contramão da gentileza e da troca entre os povos.
O que fez aquela mulher cometer uma das maiores gafes da atualidade foi o preconceito, a ignorância e o fato de ela não passar de massa de manobra. Tem muita gente por aí curtindo e compartilhando conceitos sem pensar. Há muitos jovens (e nem tão jovens assim) sendo facilmente manipulados por qualquer conceito que lhes passem. Sem pensar, sem refletir, os “Josés e “Marias vão com as outras” vagueiam por aí e são levados pela correnteza falando, escrevendo e agindo feito fantoches. Mudam “conforme a música” de opinião, de religião e reproduzem qualquer bobagem que lhes ensinem.
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Foi assim com o episódio do turbante.
E novamente vou bater em outra das minhas teclas favoritas: a intolerância é fruto da falta de amor. O adulto inseguro e facilmente manipulável de hoje foi a criança rejeitada de ontem. O grito por igualdade é fruto de uma mente preconceituosa. A espécie humana é essencialmente complexa e diferente. Não somos e nem nunca seremos iguais.
O racismo deve ser combatido hoje para que haja um amanhã diferente. Não podemos mexer no passado e na história vergonhosa da escravidão dos negros, todavia podemos, de geração em geração comportarmo-nos com igualdade, esquecendo e perdoando a todos nós pelas atrocidades cometidas por nossos antepassados.
Agredir não nos levará a lugar algum que não seja produzir alienados arrancadores de turbante que deveriam estar resolvendo seus traumas, suas dores e sua baixa autoestima na sessão de psicoterapia.