A ausência de amor está no desconhecido, na falta de informação, no descaso. Amamos quando nos doamos, aprendemos para ensinar, informar, encorajar.
O amor nos faz gigantes. Existe uma força espiritual que nos faz ver o avesso de todo contexto – olhado, mas não visto –, no sentido de não ser enxergado. É desse olhar que falarei agora.
Estou sempre trabalhando a conscientização sobre a pessoa com síndrome de Down.
Até meu filho nascer, eu amei de várias maneiras, formas e jeitos. Amor platônico, recíproco e unilateral. Ao vê-lo pela primeira vez, só senti medo de não amá-lo da forma como se ama um filho (incondicional).
Questionei o amor de Deus, culpei o Universo, procurei uma desculpa para minha incapacidade de compreensão naquele momento de luto. Por que comigo? O que fiz? Saberei eu defender e proteger esse ser tão indefeso?
Existe amor quando esse filho não consegue se alimentar e chora com fome. O meu instinto maternal viu como solução extrair o meu leite e alimentá-lo com conta-gotas, durante quinze dias consecutivos (ainda não era fonoaudióloga).
E fiz um propósito com Deus: ensina-me a alimentá-lo e a cuidar dele, que enquanto eu viver ajudarei outras pessoas que passarem por essa dificuldade. Já que me deste um filho com limitações, dê-me sabedoria e confiança para alimentá-lo no meu seio.
Como um milagre, abri a minha blusa, meu coração e orei com tanto fervor, lágrimas caíram, e meu filho, pela primeira vez, sugou, no meu seio, o alimento mais completo do mundo: o leite materno. Senti o amor de Deus naquele momento sublime, único, inexplicável, eternizado no meu coração. Gratidão!
Tive a certeza de que o meu amor iria vencer todas as barreiras e descontentamentos. A ausência de amor está no desconhecido, na falta de informação, no descaso. Amamos quando nos doamos, aprendemos para ensinar, informar, encorajar. Juntos (corrente do bem) fazemos esse amor crescer, transcender ao preconceito, livrando das amarras, julgamentos e desrespeitos.
Passaram-se as estações, foi construído um novo caminho, feitas as melhores escolhas, diversos acompanhamentos terapêuticos, médicos e familiares. Destaca-se aqui que a família e o meio inserido são a chave para melhor desenvolvimento e autonomia da pessoa.
Não existem regras que não possam ser quebradas. As diferenças nos afastam, mas também agregam.
Amor de mãe e filho não se define, sente-se, cresce e se torna grandioso a cada desafio vencido, a cada “eu te amo” ouvido ao abraço apertado. O desenvolvimento é constante, conquistado todo dia. Amor crescente, grande, imensurável, inquestionável. Tem o poder esmagador de alterar e definir nossa vida, seja amor na forma de falar, ouvir, agir e tolerar.
O verdadeiro amor é grandioso, supera as adversidades. Que possamos amar mais, criticar menos e ser felizes sempre.
Prece e amor de mãe curam dores e abrem as portas do céu. O amor nos faz gigantes.
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