Todos os anos, em dezembro, o mundo é assaltado pelo espírito natalino: as árvores de Natal, cheias de luzes, levantam-se do chão e erguem-se por todo o lado; as lojas são decoradas com cores vibrantes e chamativas; o Papai Noel e as renas estão de prontidão, com grandes pacotes, nos beirais das casas e prédios; as pessoas entram no corre-corre, tentando comprar os presentes certos para a família e os amigos, num consumismo desenfreado.
Há uma espécie de frenesim na cidade, como se uma febre tomasse conta de todos. E, à medida que o dia de
Natal se aproxima, o frenesim vai aumentando e alimentando um nervosismo crescente — todos ficam mais irritados, o trânsito vira um caos, os insultos multiplicam-se, a tolerância perde-se. No final, todos perdem a paciência com o Natal, — em algum momento.
Mas será esse o espírito natalino? Essa intolerância e esse consumismo? O que aconteceu com o verdadeiro espírito natalino?
No calendário de todas as religiões há um período do ano em que o homem se debruça sobre si mesmo para meditar sobre erros e acertos, festejar a vida, cultivar a compaixão, perdoar maldades e mágoas, recuperar o significado da generosidade, elevar-se espiritualmente. É como se cada ano correspondesse a mais um degrau para nos tornarmos melhores, para nos aproximarmos da luz.
Entre os cristãos, o Natal representa a data do nascimento de Cristo. Trata-se, portanto, da celebração de um aniversário. Simbolicamente, os aniversários são momentos para repensar os caminhos percorridos e celebrar a vida. Por isso, o Natal deve ser esse momento de reflexão: esse momento de celebração do nascimento de um líder espiritual, em que somos lembrados da sua benevolência, compaixão, sabedoria, capacidade de perdoar e amar o próximo. E o espírito natalino é, na sua essência, o amor em ação. É a prática da bondade e da generosidade.
E bondade e generosidade não têm religião. São valores universais, que devem ser cultivados por cada pessoa porque contribuem para o mundo se tornar um lugar melhor, porque contribuem para iluminar o ser humano.
Mas não adianta alguém fazer grandes doações, ajudar meio mundo, se está com o coração cheio de ressentimentos e raivas. Pequenos gestos valem muito mais do que grandes gestos quando as pessoas têm o coração limpo, livre de rancores. A verdadeira generosidade vem dos que possuem almas puras, cultivadas pelo perdão e intocadas pelo ódio. Almas de gente tolerante!
O verdadeiro espírito natalino é limpar o coração e amar o próximo — perdoar quem te fez mal, ajudar quem você detesta, evitar falar mal dos outros, não invejar a vida alheia, curar as mágoas, ultrapassar os ressentimentos, encontrar paz e amor dentro de você, ser tolerante.
A troca de presentes é apenas uma forma de recordar e praticar a generosidade, porque o verdadeiro espírito natalino não é encher os outros de presentes, e sim enchê-los de amor. É isso que precisamos recuperar, e é isso que precisamos ensinar aos nossos filhos.
Feliz Natal!