Em sua primeira audiência geral do ano, na sala Paulo VI, o sumo pontífice lamentou que os animais de estimação venham tomando o espaço dos filhos.
A mudança das gerações faz com que certos hábitos, condutas e formas de existência sejam questionados. Até certas convenções sociais são colocadas em xeque pela juventude que se enuncia, podendo acontecer de maneira progressiva ou agressiva, de uma hora para outra. Ao mesmo tempo que essa é uma forma de se afirmar como futuro, muitas dessas mudanças nem sequer são escolhidas, acontecem mais como parte do processo evolutivo do que como imposição.
Por exemplo, o avanço da medicina e a produção de anticoncepcionais femininos fizeram com que muitas mulheres, principalmente as das gerações seguintes, assumissem altos cargos no mercado de trabalho, além de estudar, pesquisar e se tornar proeminência na área que escolheram. Sem essa descoberta dos cientistas, as mulheres ainda seriam mais vítimas da maternidade compulsória do que acreditam ser atualmente, vendo a parte profissional ir embora junto com outros sonhos.
Há alguns anos, os cientistas já vêm alertando a comunidade sobre as drásticas reduções na taxa de natalidade, assim como um estudo publicado pela revista Lancet, em 2017. A pesquisa acompanhou a evolução da taxa de fecundidade em 195 países, de 1950 a 2017, e descobriu que, no início da série, as mulheres tinham, em média, 4,7 filhos e, em 2017, esse número tinha caído para 2,4, reduzindo-se pela metade.
Os cientistas alertam que, quando a taxa de fecundidade média de um país cai para cerca de 2,1, a população daquele local encolhe, entrando em declínio. Com mais acesso das mulheres atualmente à educação e, consequentemente, ao mercado de trabalho, além de mais acesso a métodos contraceptivos, a escolha de ser ou não mães passa a ser apenas delas, que, em grande parte das vezes, optam por não entrar de cabeça na maternidade.
Em sua primeira audiência geral deste ano, na sala Paulo VI, o Papa Francisco elogiou a paternidade e a adoção num discurso que criticava de maneira ferrenha os chamados “pais de pets”, adultos que escolhem ter animais domésticos em vez de filhos. O sumo pontífice fez sua declaração na quarta-feira, dia 05 de janeiro, no Vaticano, lamentando profundamente que, em muitos casos, os animais de estimação tomam o lugar dos filhos.
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De acordo com reportagem do G1, o papa disse que atualmente vivemos uma forma de egoísmo, vendo que alguns não querem ter filhos, mas escolhem cães e gatos, que ocupam esse lugar. Pedindo que as instituições facilitem os processos de adoção, de maneira que se torne realidade o sonho das crianças que desejam uma família e dos casais que querem muito acolhê-las, Francisco seguiu seu pronunciamento.
O sumo pontífice ainda dedicou um tempo para falar sobre a negação da paternidade e da maternidade, sem mencionar o abandono dos homens, já considerado um fenômeno social em vários países, mas apenas sobre a negação da gestação. Segundo Francisco, essa negação dos filhos faz com que a humanidade seja retirada, com que a civilização envelheça.
Criticando o que chamou de “inverno demográfico” e a “dramática queda na taxa de natalidade”, registrados principalmente em países ocidentais, ele convidou as pessoas a terem filhos ou a adotá-los, e ainda disse que ter um filho é sempre algo arriscado, biológico ou adotivo, mas que é mais arriscado ainda não os ter.
No final da primeira audiência do ano, o papa ainda assistiu, como de costume, a vários números preparados por um circo com palhaços, malabaristas, dançarinos e músicos, em um ambiente com clima de festa.