Você provavelmente já deve ter lido ou escutado essa frase uma dezena de vezes, tamanha é sua forma e representatividade no campo da filosofia e no conhecimento geral da sociedade.
A frase imortalizada na obra impecável de Lewis Carol, Alice no país das maravilhas, tem diversas vertentes instigantes e provocantes que nos causam certa euforia para encontrar uma resposta não óbvia para uma pergunta que fazemos, a partir do momento em que começamos a questionar nossa vida e a direção que tomamos, a cada dia:
Para onde você quer ir? Onde você quer chegar? Qual o melhor caminho a seguir?
Em diversas ocasiões nós nos questionamos a respeito disso, onde começa um caminho e termina o outro? Qual o nosso ponto de partida e chegada? Como saber se, de fato, nós chegamos onde imaginávamos chegar? Talvez nunca saibamos. Porém, independente de qual seja o caminho, o destino, o final, a trajetória é essencial e muito importante, pois ela, e somente ela, será capaz de delimitar como chegaremos ao final, em qual estado físico e mental que nos encontraremos ao final desta jornada.
Para que saibamos a conclusão dessa dúvida, precisamos, antes de tudo, descobrir onde desejamos chegar. Em qual parada da vida precisamos descer e mudar de trem, ou então, o que precisamos fazer durante a jornada para que ela seja realmente importante e possa ter um significado real para ser sustentada como necessária.
Não saber para onde ir é o grande problema que encontramos durante a vida. O medo, a dúvida, o cansaço começam a falar mais alto do que a confiança na jornada, do que o desejo de chegar ainda mais longe, falam mais alto até mesmo do que nossa vontade de acreditar que haverá, sim, um final, e se soubermos aproveitar bem a caminhada, ele poderá ser maravilhoso também.
Mas o que fazer quando não sabemos para onde ir, onde queremos chegar, onde devemos, de fato, descer do trem da vida. A nova parada é sempre uma novidade sem limites e nem tamanho descrito. O medo do novo impede-nos de mergulhar de olhos vendados em um lago qualquer em um lugar inabitado. Esse mesmo medo faz-nos não acreditar que pode haver um caminho a ser seguido, e assim deixamos a vida passar, correr devagar e esvair-se pelo vão dos dedos.
E, então, quando menos esperamos o tempo já passou, muito mais do que jamais poderíamos imaginar e só ficou em nós o desejo de ter tentado algo, uma infinidade de possibilidades que jamais aconteceram, um mundo novo e completo cheio de mudanças e atitudes. Uma vida inteira deixada de lado, porque não sabíamos onde desejávamos chegar. E nessa de deixar o rio fluir, a água correr, e a chuva molhar onde ela bem quiser, demonstra toda uma covardia que temos ao não enfrentar de frente a vida e não assumir as responsabilidades pelos nossos atos, a não seguir com vontade em direção do que poderá fazer-nos mais felizes.
Quando não se sabe para onde quer ir, qualquer caminho serve. Por mais que ele esteja cheio de espinhos, ou seja, o mais longo para chegar a um lugar que não temos a mínima noção. Mas serve.
Afinal, é melhor que nada, isso é o que dizem aqueles que já estão acostumados a esperar muito pouco ou quase nada da vida. Aqueles que se contentam com tão pouco no dia a dia, por conta do medo que carregam consigo, medo esse que cega e não nos permite arriscar, medo de mudanças drásticas que rompem as barreiras do comodismo e nos incitam a querer fazer algo diferente.
Devemos, então, ter o máximo de cuidado quando escolhemos para onde ir ou o que fazer. Afinal, temos apenas uma vida para viver. E o tempo não espera, não dá trégua, ele voa e só anda para frente, só segue adiante, deixando pelo caminho aqueles que não o conseguem acompanhar. O tempo está aí para todos e cabe apenas a nós decidir como vamos vivê-lo e por mais que possamos trocar de vagão durante a jornada, é impossível mudar o ponto de partida do trem.
É impossível voltar no tempo e refazer a jornada, mudar o rumo ou o caminho. Somos parte daquilo que fizemos no passado, erros e acertos, momentos bons e ruins, escolhas certas e erradas.
Porém, o mais importante é ter a plena certeza e o desejo de onde queremos e desejamos ir e como devemos fazer para chegar ao destino.
As provocações a que nos propomos a cada dia, fazem-nos pensar e imaginar o que devemos fazer para que possamos encontrar o nosso caminho. Pois, enquanto acreditarmos que qualquer caminho nos serve, será impossível dizer que chegamos onde realmente queríamos ter chegado.
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