A falta existencial do sujeito e o excesso que não completa…
Por que muitas vezes achamos que é preciso o excesso para nos sentir bem? Por que é tão difícil nos esvaziar?
Inicio essa breve reflexão com as palavras de Leminski:
“Vazio agudo
Ando meio
Cheio
De tudo”.
Sim, apesar do excesso parecer o ideal para muitas pessoas, uma hora ou outra, ele irá motivo de cansaço e angústia. O excesso cansa enquanto que a falta impulsiona a buscar algo que deseja.
É preciso cuidado com o excesso. É preciso aceitação da falta, do vazio, da ausência.
Considero esses últimos, uma característica inerente ao sujeito levando em consideração que são eles que possibilitam que o ser humano busque sempre se aperfeiçoar, evoluir e sentir-se pleno, mesmo compreendendo que essa completude não existe e que, em determinado momento, a expectativa frente a ela pode falhar e aí, será preciso recomeçar indo em busca de algo.
O sujeito caminha sempre em busca de algo, conhecendo o que está ao seu redor e fazendo escolhas.
Apesar de acreditar ser a falta uma característica inerente a nós, seres humanos, é uma tarefa difícil e, muitas vezes, angustiante para o sujeito dar conta de sua existência, mas ela é necessária! Acredite!
Imagine se você tivesse tudo que desejasse! Imaginou? O que mais você poderia fazer se já estaria com tudo? Só contemplar, não é mesmo?
Agora, imagine o inverso. Imagine existir sempre algo que deseja e por isso estar sempre em busca, para no final ter a sensação de completude, de conquista.
Aí está a diferença! Enquanto no primeiro exemplo teria tudo, não faltaria nada; no segundo, a falta está instalada na constituição do sujeito e ao buscar o que deseja, terá a sensação de completude e não a ela, de fato.
E quando é o excesso que se instala? A angústia se fará presente! Lembre-se que a falta é uma característica inata ao sujeito e mesmo ele vivendo momentos de excessos, a angústia comparecerá, pois apesar de parecer “ter tudo” (excessos e mais excessos), a falta já está instalada em sua constituição e, por isso, é necessário e insdispensável o sujeito estar sempre a procura de algo, tentando preencher esse furo existente. O excesso não tira essa sensação de vazio que rodeia.
Muitas vezes, é preciso esvaziar para encher-se, ou seja, é preciso esvaziar-se dos excessos para poder encher-se desse vazio essencial ao sujeito; essa falta que consegue preencher e assim, incentivar a seguir adiante em busca do que deseja.
É um vazio que impulsiona. É uma falta que convoca a ir em frente, pois algo está por vir. É uma ausência que está cheia de vontade de conquistar o que mais se quer, de se lançar ao novo.
É necessário esse furo em nossa constituição enquanto sujeito, assim como é indispensável o furo no vaso para que possa preenchê-lo com as flores.
Furo, falta, vazio, ausência, como queira chamar… causa de desejo!
Ah, caros sujeitos faltantes! Desejo que nos falte a falta… falta-atuante.
Por isso, desejo a todos um caminho mais recheado de faltas e com menos ou sem excessos.
Belo percurso faltante a todos!
Paz e luz!
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