Quem são as princesas da vida real?
Já fazia algum tempo que eu queria abordar esse tema, mas foi lendo o artigo sobre a série de ilustrações “World of Women” do premiado artista, cartunista e ilustrador David Trumble, um texto interessante que mostra 10 das mais inspiradoras mulheres da história moderna “princesificadas“, que resolvi colocar em prática ou melhor dizendo em palavras o assunto.
Enquanto acompanhamos as notícias sobre uma revolução nas salas de aula, e na sociedade em geral sobre como tratar as questões de gênero e projetos que propõe que os profissionais da educação sejam formados para debater questões relativas ao gênero e respeitar a identidade de cada um, a fim de orientarem e saberem conduzir a diversidade sexual dos alunos e alunas, esbarramos também na questão sobre como são criadas e orientadas as mulheres desde a infância até a fase adulta, quais os valores e princípios que são repassados a essas meninas.
O formato de princesa antes divulgado e aceito como modelo ideal de perfeição feminina há muito deixou de corresponder às nossas expectativas de vida.
Não somos princesas com vestidos de saias rodadas, cabelos longos, não estamos adormecidas e muito menos presas numa torre a espera do príncipe encantado.
Somos mulheres da vida real com sonhos e projetos, saímos todos os dias para trabalhar, temos nossos carros não dependemos mais da carruagem nem dos favores da fada madrinha e não trocamos nossa liberdade por um título qualquer.
Até mesmo as verdadeiras princesas do mundo moderno, descendentes e herdeiras da realeza estudam, trabalham, praticam esportes e fazem trabalhos voluntários.
O que se pretende não é mudar o direito de sonhar nem mesmo impedir que nossas crianças queiram se parecer com alguma princesa dos contos de fada. Mas é fato que com tantas mudanças no cotidiano e com a evolução cultural e tecnológica não cabe mais a ideia de que a menina é uma princesa frágil, carente, presa na torre de um castelo à espera do príncipe encantado.
É hora de acabar com a desigualdade e abrir a mente para os novos tempos.
Até mesmo porque príncipes encantados não existem na vida real e a “princesa” que antes ficava presa num castelo hoje é a mulher que trabalha, corre atrás de seus objetivos, toma suas próprias decisões e não depende exclusivamente da proteção masculina.
Se antes existiam bruxas malvadas que davam maçãs envenenadas, adormeciam e prendiam as princesas nas torres, hoje ela adquiriu forma real. As vilãs se materializaram. São as dificuldades financeiras, os relacionamentos difíceis e a violência que aprisiona as nossas mulheres.
De certa forma existe uma figura machista que impõe às mulheres a condição de submissas e incapazes de exercer suas atividades e talentos sem o auxílio de uma figura masculina, já que quase sempre nos contos de fadas a frágil donzela é salva pelo galante príncipe.
Apesar de todos os avanços e inovações ainda hoje a mulher é discriminada nos ambientes escolares e profissionais pela sua condição feminina, é constantemente posta em teste para avaliar a sua garra e competência.
Muitas vezes quem oprime e discrimina é o mesmo que se diz ser o seu protetor.
Manter a mulher sob sua vigilância nada mais é que privá-la de sua liberdade em troca de algum benefício.
Considerar uma mulher incapaz de alcançar o cargo almejado por seus próprios méritos, fazendo com que ela seja alvo de assédio sexual verbal ou de discriminação profissional são apenas alguns dos mais conhecidos métodos de intimidamento, que causam traumas e sofrimentos físicos e psicológicos.
Não precisamos excluir as heroínas fictícias de nossas vidas ou da vida de nossas filhas, mas é preciso demonstrar que existem outras heroínas na vida real e que uma verdadeira princesa precisa ter empatia, elegância e acima de tudo autoconfiança.