Qual o segredo da saúde e da felicidade? Veja o que revela um estudo de Harvard:
Vou iniciar esse artigo com uma passagem de Paramahansa Yogananda. Ele estava meditando com um grupo de devotos em volta de uma fogueira, quando um de seus discípulos interrompeu o silêncio da prática e perguntou: Mestre, nascemos sozinhos e morremos sozinhos. Por que precisamos desses encontros e retiros em grupo?
Yogananda, mantendo o silêncio meditativo, apenas tirou uma brasa da fogueira que rapidamente esfriou. Em seguida, Yogananda recolocou o carvão no fogo que, em pouco tempo, reacendeu em chamas. E sem precisar de uma única palavra, Yogananda mostrou ao grupo a importância das conexões.
Mas como isso se relaciona com este artigo? Qual o segredo da felicidade?
O que nos mantém felizes e saudáveis? Se você fosse investir no seu futuro onde você colocaria energia, onde investiria seu tempo? Quais os principais objetivos da sua vida?
Por 75 anos, a equipe do psiquiatra e psicanalista Robert Waldinger, PhD e quatro gerações anteriores de pesquisadores rastrearam a vida de 724 pessoas procurando a resposta a essas perguntas. No início da pesquisa 80% dos entrevistados responderam que era preciso ser rico para ser feliz e saudável. 50% também associaram felicidade à fama. Ano após ano, os participantes respondiam um questionário sobre seu trabalho, sua vida em casa e nos relacionamentos para determinar o que torna uma pessoa feliz e saudável.
Afinal, o que vale a pena dedicar nossa energia e tempo?
O que se concluiu deste estudo é uma importante lição de vida:
Resumidamente, bons relacionamentos nos mantém felizes e saudáveis.
Como foi no início da pesquisa, ainda hoje muitas pessoas acreditam que o dinheiro e a fama são os fundamentos para uma boa vida. Por isso, passam o tempo fazendo dessas coisas uma prioridade, ignorando seus relacionamentos.
Mas falta a essas pessoas uma melhor compreensão do que a boa vida realmente pode ser. O estudo, que teve início em 1938 e durou 75 anos de pesquisa comprovou que os relacionamentos são o que mais tem impacto sobre a felicidade e saúde das pessoas.
Esse estudo chegou a 3 conclusões, ou melhor, lições que foram compartilhadas por Robert Waldinger, sobre como construir uma vida plena, longa, saudável e feliz.
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1.Conexões sociais são muito boas para nós
As pessoas que estão socialmente conectadas com a família, amigos e comunidade são mais felizes, fisicamente mais saudáveis e vivem mais do que pessoas que tem poucas conexões. No entanto, a solidão mata. A experiência da solidão é tóxica. Pessoas que são mais isoladas do que gostariam são menos felizes, sua saúde decai precocemente na meia idade, seu cérebro se deteriora mais cedo e suas vidas são mais curtas. E a parte mais triste da pesquisa, realizada nos EUA, é que um em cada cinco norte-americanos relatou estar solitário. Será que esta é uma realidade mundial? Mas o que é solidão? É fato que você pode sentir-se solitário no meio de uma multidão, e até mesmo estando num relacionamento ou casamento. Estar casado ou cercado por centenas de amigos no Facebook curtindo suas publicações não é suficiente. Relacionamentos reais não são virtuais ou superficiais, mas sim afetivos e amorosos.
2.O que importa é a qualidade das relações mais próximas. Viver no meio de conflitos é ruim para a nossa saúde.
Relacionamentos sem afeto podem ser muito pior do que o divórcio. Já viver em meio a relações boas e reconfortantes nos protege. Ter pessoas que se importam nos dá segurança, sensação de proteção e bem estar. Atualmente cerca de 60 dos originais 724 homens que participaram da pesquisa ainda estão vivos. Como os pesquisadores acompanharam os participantes da pesquisa por até seus 80 anos, eles foram entrevistados na meia idade para predizer quais iam se tornar octogenários felizes e saudáveis. E o que os dados revelaram é que não foi o nível de colesterol ou hipertensão que definiu como eles envelheceriam, mas o quão satisfeitos estavam em seus relacionamentos. As pessoas que estavam mais satisfeitas em seus relacionamentos aos 50 anos eram as mais saudáveis aos 80. Relacionamentos bons e íntimos parecem nos proteger de algumas circunstâncias adversas ao envelhecer. Os homens e mulheres mais felizes em uma relação relataram, aos 80 anos, que nos dias que tinham mais dor física, seu humor continuava ótimo. Mas as pessoas que estavam em relacionamentos infelizes, nos dias em que tinham dor ela era intensificada pela dor emocional.
3.Boas relações protegem o cérebro
Estar em um relacionamento íntimo e saudável com outra pessoa é algo protetor para a memória. Saber que podemos contar com outras pessoas em caso de necessidade mantém o cérebro e as memórias preservadas por mais tempo. Já as pessoas cujos relacionamentos sugerem que não podem contar com o outro têm declínio de memória mais cedo.
Mas estamos falando de relacionamentos perfeitos?
Não. Os relacionamentos bons não necessariamente são tranquilos o tempo todo. Os casais da pesquisa discutiam um com o outro dia sim, dia não. Mas, contanto que sentissem que poderiam contar um com o outro quando as coisas ficassem difíceis, aquelas discussões não prejudicariam suas memórias.
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Essa mensagem de que relações próximas e saudáveis são boas para a saúde e bem-estar já é uma sabedoria antiga. Por que então é tão difícil de assimilá-la e tão fácil de ignorá-la? E a resposta a isso é a nossa falha humanidade. Somos humanos e nos distanciamos da nossa real natureza, do que importa de fato. Achamos que estamos aqui para ter e fazer e esquecemos que estamos aqui para ser. E não tem como fazer um conserto rápido ou uma receitinha pra resolver os problemas nas relações. Você não vai numa farmácia, compra um remedinho e resolve tudo. É o que realmente gostaríamos não é? Algo que pudéssemos obter que tornaria nossas vidas boas e as manteria assim. É exatamente a ilusão da riqueza. Poder comprar tudo. Afinal, relacionamentos são confusos e complicados. Dá trabalho zelar pela família e pelos amigos e, além disso, é para a vida inteira. Nunca cessa. E tudo isso contradiz com a vida moderna na qual sempre buscamos soluções rápidas e relacionamentos cada vez mais virtuais.
80% dos participantes da pesquisa quando estavam se tornando jovens adultos realmente acreditavam que fama, riqueza e grandes conquistas era tudo o que eles precisavam correr atrás para ter uma boa vida. Mas ao longo dos 75 anos de estudo foi mostrado que as pessoas que se deram melhor foram as bem relacionadas com a família, amigos e com a comunidade. As pessoas mais felizes do estudo após a aposentadoria foram as que empreenderam para substituir colegas de trabalho por companheiros.
E quanto a você? Esteja você com 25, 40, 60 anos ou mais. Como estão os seus relacionamentos?
Já te ocorreu em contatar aquela pessoa com quem você não fala há anos, trocar a TV por uma boa conversa com familiares em casa? Superar diferenças? Finalizando, o estudo mostrou que conflitos familiares deixam marcas terríveis nas pessoas que guardam rancor. Não permita que isso aconteça com você.
E então voltamos ao início quando fiz uma citação de Yogananda. Somos um organismo social criado pelo meio no qual estamos inseridos e interligados. Não existe você. Não existe o eu. O mundo que você vê é individualizado, baseado no sacrifício da Unicidade. É um retrato da desunião completa e da total falta de encontro.
“Não há tempo, tão curta é a vida para discussões banais, desculpas, amarguras, tirar satisfações. Só há tempo para amar, e mesmo para isso, é só um instante.” (Mark Ywain)
Registre isso para toda a vida:
Uma vida boa se constrói com boas relações.
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Referencia sobre o estudo: adultdevelopmentstudy