Ontem um acontecimento trágico doloroso, suicídio de uma jovem de 25 anos, estou aqui pontuando um caso só, mas quantos acontecem no mundo? Pelas estatísticas da OMS são 804 mil no mundo todos os anos, a cada 40 segundos uma pessoa comete suicídio, ou seja, tira sua a própria vida. Coragem? Dor?
Uma vez em sala de aula explicando o crime de suicídio, os meus alunos disseram: Professora é preciso muita coragem para se matar. De uma forma bem sutil, uma aluna lá no fundo, responde com uma voz muito baixa, não é uma questão de coragem, mas sim uma questão de dor extrema, quando nós pensamos em suicídio, a dor já fica insuportável que não vemos saída a não ser morrer.
Isso me marcou para a vida. E hoje lendo os últimos acontecimentos as estatísticas, pensando nas pessoas, na depressão, que leva a morte, passeando pelas redes sociais (como sempre), fiquei em choque !
Como nós julgamos as pessoas, será que é mais fácil julgar do que estender a mão? Muitas dores são silenciosas, e não são todas as pessoas que tem a coragem de externar, colocar pra fora, falar com alguém, dividir, explicar, por medo de serem julgadas, por não terem forças para falar, ou por qualquer outra que seja a razão.
Essas dores silenciosas muitas vezes matam, então nesse prisma a cada 40 segundos perdemos um ser humano. Simples assim.
E quando acontece a tragédia, lá vamos nós com nossos julgamentos tão pobres a respeito do acontecimento.
Hoje li: Falta do que fazer. Falta de Deus. Pessoa à toa. Pessoa que faz isso vai pro inferno. Pessoa vazia. Falta de uma religião.
Nada disso me convence, essa nossa estatística tão cruel dos 40 segundos e proveniente de dor, dor extrema, dor que sufoca, dor que muitas vezes não conseguimos externar, dor da alma, dor do corpo, dor na mente, dor simplesmente dor, uma dor que sufoca tanto que a única saída é realmente acabar com ela. Da pior forma possível.
Bem, mas e nós que ficamos? Que direito temos de usar o teclado, o mouse, a palavra fala ou escrita para acusar? Que direito temos de julgar? Que direito temos de esquecer que essa dor vai ficar presente na família que ficou, e vai ficar pra sempre, porque aquela pessoa que se foi era amada, tinha alguém ou alguéns que pensavam nela todos os dias.
Aquela pessoa tinha sonhos, tinha uma vida pela frente, porém a dor foi maior e ceifou todos os sonhos, toda a possibilidade de viver.
Por que ao invés de julgar não podemos dar as mãos? Por que não podemos olhar um pouco mais profundamente nas pessoas que estão ao nosso lado e ter a sensibilidade de ver através de um olhar, de um gesto, que ela está em dor.
Por que não podemos olhar mais ao nosso lado e menos no nosso próprio umbigo, menos egos, menos egocentrismos, tudo menos. Menos para mim, e mais para você. Por que não posso te ouvir sem te julgar quando você me diz que algo dói, e te perguntar se existe algo a ser feito para que eu possa aliviar a tua dor.
Por que perante o acontecimento ao invés de colocar meu dedinho e tecer comentários na rede social, eu não posso me fechar e fazer uma prece, uma oração, uma mentalização, que seja, ou apenas um olhar contemplativo e tentar entender que seres humanos possuem dores, e que essas dores vão machucar até o limite?
Um texto cheio de porquês.
Falta nos compaixão, falta nos empatia, falta nos amor.
Esse texto é para vocês que sabem o que é a dor, que por medo, vergonha, não conseguem falar sobre ela, esse texto é para quem está, esse texto é para quem se foi. Para vocês a minha prece, o meu silêncio, a minha oração.
Que a humanidade se encha, transborde. Que não use as redes sociais e a mídia para julgar, para atirar pedras, para gerar mais sofrimentos.
Mais amor por favor!
Namastê.