#NarrativasQueInspiram – Quem respeita, não precisa temer!
Como disse bem o sábio pai do Chris, Julius da série ‘Todo Mundo Odeia o Chris’: “Se você tem medo, não respeita. Se tem respeito, não irá temer.”
Inspirar pessoas é difícil, mas ganhar respeito é ainda mais complicado!
Uma das coisas que muita gente confunde e, infelizmente, sempre é mostrada de acordo com o ponto de vista da época, país e até a filosofia de vida dos responsáveis por uma narrativa baseada em uma pessoa real; é quem realmente foi uma figura histórica respeitada e quem foi temido.
Talvez um dos casos mais fascinantes, é sobre o príncipe da Valáquia conhecido por Vlad – O Empalador.
Na História é tratado como um herói e guerreiro implacável em sua época, enfrentando o avanço dos turcos na Europa como poucos, o qual lutou por seu povo contra a opressão dos nobres e clérigos. Grupos influentes na época que não estavam nem aí para os pobres trabalhadores e fariam qualquer coisa para manter seus estilos de vida, até trair e vender o próprio povo para o inimigo.
Quem não conhece tanto da História europeia, já se confunde, pois logo descobre que havia mais de um Vlad e a sua família até hoje é envolta em mistério.
Vlad II fazia parte de uma antiga e misteriosa Ordem, a do Dragão. Por isso era conhecido por Vlad Dracul, o qual negociou a paz com os turcos, mandando dois de seus filhos para viver na Turquia.
Só que Vlad II e seu filho mais velho foram traídos e assassinados por aqueles na Valáquia que não aceitavam o governo da família.
Quando soube da morte do pai, Vlad III não se viu na obrigação de continuar na Turquia e decidiu retornar a Valáquia. Aquele que levava o nome Vlad, o terceiro da família, agora era o herdeiro do trono e por ser filho de Vlad Dracul, passou a ser chamado de Drácula, que significa filho do Dragão.
No entanto, por tudo que passou nas mãos do inimigo, ou talvez seja melhor dizer aprendeu, tornou-se um cruel adversário.
Então vemos aqui dois governantes distintos. Um que morreu defendendo seu povo e foi traído por um bando de nobres gananciosos, mas para o povo foi um governante que abriu mão dos filhos por um bem maior, pela paz para seu povo e foi respeitado pelos esforços.
E temos aquele que optou por ser temido, Vlad III, o qual aos 11 anos foi viver com o inimigo e sabe que horrores sofreu durante os anos que teve que viver na Turquia, dada a fama dos turcos.
Além do fato que, diferente do irmão caçula, Vlad não aceitou a submissão.
Por isso, enquanto Radu virou o favorito do sultão, conhecido por Radu – O Belo, Vlad III se rebela para ter de volta o que era de sua família por direito, o trono que foi de seu pai e que agora, por ser o mais velho filho vivo, pertencia a ele.
Em batalha é quando Vlad III “retribui todas as gentilezas” de sua época de refém dos turcos e mostrou aos inimigos como aprendeu a ser ainda mais cruel. É nesse período que ele ganha o nome de Vlad – O Empalador.
Muitos ainda acham que Vlad II e III são a mesma pessoa, especialmente por causa da narrativa ficcional do livro do irlandês Bram Stoker, porque o autor usou o nome Drácula para o personagem título.
Lendas envolvendo a família não faltam, mas ao associar o nome Drácula a uma ficção de terror sobrenatural a coisa só aumentou. Porém é uma narrativa que inspira a uma análise, já que narrativas baseadas em personalidades históricas vão sempre ter o ponto de vista de quem a conta. Seja uma narrativa realista ou fantástica.
Há autores que já tornaram governantes herói e vilões, assim como fantásticos personagens, de Lincoln caçador de vampiros até uma Dom Pedro I vampiro. Outro exemplo de narrativa com ponto de vista que muda tudo, são as produções alemãs de Hitler que por um tempo foram feitas para mascarar as barbaridades que aconteciam nos territórios sob domínio dos nazistas, criando a imagem de uma Alemanha perfeita. E a mídia alemã foi manipulada na época para mostrar aos estrangeiros, no país durante as Olimpíadas, que tudo lá era maravilhoso. Que Hitler tinha o respeito de seu povo, que aprovava totalmente o seu governo. Só que a verdade era que seu povo o temia, pois quem não fosse fiel ao partido nazista era visto como inimigo do estado.
É interessante com as narrativas com personalidades históricas, inspiram a busca de fontes confiáveis e pesquisas aprofundadas sobre pessoas que fizeram, ou fazem, parte da nossa História.