Muito se tem falado acerca da importância do desabafo, os profissionais da área de saúde como um todo, bem como as mais variadas religiões, estimulam a prática de falarmos sobre os nossos sentimentos.
Os efeitos terapêuticos de expormos as nossas emoções, em especial aquelas que nos angustiam, são inquestionáveis e o segmento da Psicologia pode comprovar isso, haja vista a grande procura pelos consultórios de psicoterapia. Há, inclusive, um vídeo do Dr. Dráuzio Varela circulando na internet sob o título “Se não quer adoecer, fale das suas emoções”.
Sem dúvida, cada um de nós carrega, em nossos recônditos emocionais, questões extremamente delicadas, que por serem tão dolorosas, optamos por tentar esquecê-las, em vão. Não há como fingir que certas coisas não nos aconteceram, que nos feriram, que nos humilharam, que nos ultrajaram ou que nos adoeceram.
Essas dores da alma, por vezes, petrificam se petrificam em nós, porém, de vez em quando, latejam e pulsam como que gritando: “não finja que eu não existo, eu estou aqui”!
Então, quando o indivíduo se dá conta de que se faz necessário encarar de frente aquilo que tanto o machuca, pode ocorrer de ele, na tentativa de elaborar uma vivência dolorosa, venha a agravar a situação. Como isso poderia acontecer?
Simplesmente se ele não tiver o devido cuidado na escolha do ouvinte. Isso mesmo. Mais importante do que decidir externar em palavras o que tanto te machuca emocionalmente, é escolher os ouvidos que irão acolher as suas confidências.
É preciso entender que tudo aquilo que você guardou por tanto tempo, seja por vergonha, receio, temor ou qualquer outro sentimento, constitui o seu sagrado. E não é para qualquer pessoa que você vai expor o seu sagrado, compreende?
Há pessoas que são até muito interessadas em ajudar nessas questões, se oferecendo como boas ouvintes e conselheiras, porém, não possuem a devida maturidade ou senso de ética para lidar com o sagrado do outro. E não se iluda achando que, pelo fato de alguém ocupar um cargo de liderança espiritual, ele estará apto para ser confidente, muito cuidado.
A falta de ética e de respeito também se fazem presentes no meio religioso, lamentavelmente. Toda cautela é pouca na hora de escolher seu confidente. Pois se suas revelações caem em ouvidos errados, elas serão jogadas ao vento ou poderão ser usadas para te expor e te ferir mais ainda. Até mesmo no seu círculo de amizade, essa cautela é necessária, nunca se sabe, ao certo, se aquela pessoa teria condições emocionais ou éticas para lidar com determinados assuntos. Particularmente, sugiro que procure um bom psicoterapeuta, pois ele não vai te julgar e vai te ouvir de forma neutra, buscando te ajudar da melhor maneira possível na reelaboração dessa vivência tão dolorosa.
E o principal: o sigilo é absoluto. Então, não saia por aí revelando os segredos da sua alma a qualquer um. Combinado?
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