Então, perguntaram-me: Quem é Deus para você?
Parei por alguns minutos e refleti. Difícil responder!
Cheguei à conclusão de que a imagem de Deus para mim se assemelha muito com a imagem que tenho de meus pais: um amor que orienta, alerta e que me permite escolher o caminho, ainda que este não seja o ideal.
É até redundante falar de amor incondicional, porque a premissa do amor verdadeiro é amar apesar de, e não porquê.
Gosto de me lembrar quando criança aprendi a andar de bicicleta.
A primeira foi uma branca com rodinhas e, conforme cresci, as rodinhas foram tiradas para então, mais tarde, ganhar uma bicicleta maior (essa era rosa, porque a branca já estava pequena)
Acho que assim como meus pais faziam comigo nesse processo de tirar as rodinhas e me segurar, e depois, mesmo sem eu perceber, me soltar e deixar ir, mas ficar de olho e correr para me socorrer, dar o colo e cuidar das feridas quando eu caia.
Deus faz até hoje. Ele me dá na hora certa o que preciso, conforme cada etapa da minha vida, ele me deixa seguir, mas está sempre alerta e, quando minhas escolhas ou por acasos da vida me fazem cair, eu peço socorro e Ele me atende, cuida de mim e me mostra que, embora dolorido, cada tombo é um aprendizado e não importa o que eu faça, Ele estará sempre pronto, sempre ao meu lado, ainda que eu não mereça.
Perguntaram-me, então:
Mas e quem não teve pais ou não teve este tipo de afeto?
Acredito que todos nós, ao menos uma vez na vida, encontramos uma alma de tamanha bondade (seja de nosso sangue ou não), que nos ajudou e acolheu quando mais precisamos. Aquela pessoa que é nossa referência, que não poderia ser outra coisa senão o próprio Deus que nos ouviu, amparou cuidou.
E se ainda assim eu não encontrar ninguém?
Eu sei a falta que faz não ter alguém que cuide das feridas, que esteja alerta, que corrija, que ampare
Talvez eu justamente valorize tanto por não ter alguém assim de tamanha importância em minha vida.
Posso ser eu, então, a imagem e semelhança de Deus na vida de alguém …
O desafio é perceber os grandes gestos de amor, contidos nas pequenas ações cotidianas.
Entender, então, que Deus é o amor em sua mais pura forma que se manifesta através (também) do cuidado do outro para conosco.
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