Saudade é palavra que lembra melancolia, pois se há saudade é porque algo já não há ou alguém já não está.
Saudade também podem ser lembranças necessárias para manter vivo em nós acontecimentos agradáveis que já ficaram guardados no passado.
Saudade traz para o momento presente aquilo que supúnhamos ter caído no esquecimento, toda vez que memórias tocam nossas emoções, e nos visitam lembranças que despertam uma nostálgica vontade de reviver momentos importantes que, de tempos em tempos, manifestar-se-ão em forma de sentimentos profundos.
Às vezes ela machuca, pois traz as recordações, mas não traz os objetos das lembranças, estes ficam apenas arquivados numa espécie de memória virtual, intocáveis, ausentes de nossos olhos, distantes de nossa presença.
Mas a saudade preserva intactos sentimentos e sensações de nossas vivências, de amigos distantes, de amores não mais vistos, de lugares inesquecíveis, de entes queridos que “passaram”, do nosso animalzinho que criou asinhas e partiu para o céu.
Às vezes, a saudade nos faz experimentar o sabor salgado das lágrimas, é quando desejamos inutilmente reviver uma história, reencontrar um velho amor, voltar no tempo, realizar algo de outro modo, essa emoção nos desperta arrependimentos, pesares e reflexões.
Mas ela não nos envolve somente em pensamentos tristes de angústias, também existem saudades que nos alegram, de cujos momentos ao relembrar sem perceber forma, se em nossos lábios o esboço de um doce sorriso, de uma lembrança boa, de um momento prazeroso, momentos esses que ficaram impressos em nossos corações.
A saudade hora é gentil, hora é cruel, desperta em nós lembranças felizes, risos e diversão, outras, no entanto, aperta nosso peito, amarra nossa garganta, umedece nossos olhos, envolvendo-nos com o negro véu das ausências irremediáveis.
Quando valeu a pena, dá saudade; se foi intenso, dá saudade, mas a maior saudade é de tudo aquilo que foi verdadeiro, daquilo que foi recíproco, daqueles acontecimentos que, sem dúvida, estavam escritos para nossas vidas.
Só se tem saudade do que valeu a pena, mesmo quando em meio a tudo houve alguma desventura. Só se tem saudade do que foi bom, do que deixou dentro de nossos corações um gostinho de quero mais.
Existem saudades passageiras, saudades tranquilas, saudades intensas, saudades doces, saudades amargas, saudades irremediáveis, saudades eternas.
A saudade são páginas já lidas do livro de nossas vidas, necessárias para que nossa história faça sentido, sem ela, haveria páginas em branco, interrompendo uma sequência, comprometendo todo o enredo.
A saudade é boa e é má. Preserva memórias queridas, mas fere com ausências. Nos mantém ligados a importantes acontecimentos de nossas vidas.
A saudade preserva e eterniza em nós todos aqueles a quem amamos com devoção e intensidade. Esses nunca passarão, através das lembranças que a saudade traz, viverão para sempre dentro de nossos corações
A saudade existe para que não percamos pelos caminhos da vida os pedaços de nós.
E não tentem matar a saudade, pois que esta é imortal!
“De que são feitos os dias? – De pequenos desejos, vagarosas saudades, silenciosas lembranças…” – Cecília Meireles