Como ser grato a alguém que nos desrespeitou, nos prejudicou, nos machucou, nos fez sofrer e chorar? É difícil, mas não é impossível.
O místico Atisha, budista tibetano do século XI, ensina que devemos ser gratos a todos na mesma medida; tanto aos que acreditamos nos proporcionar momentos felizes, quanto aos que parecem inimigos, trazendo-nos dor e tristeza.
Todas as pessoas que passam por nossa vida, sem exceção, estão exercendo um papel importante em nossa evolução e vice-versa.
É fácil sermos gratos pelo o que recebemos e consideramos bom, mas o desafio está em sentir gratidão nos momentos de sofrimento e dor.
Primeiramente, é importante entender que ninguém tem o poder de nos trazer o bem ou o mal. É a nossa reação com relação ao que acontece que gera emoções e, consequentemente, sensações de bem-estar e mal-estar.
Nós criamos o nosso céu e o nosso inferno. Compreender isso pode ser um alívio. Se assumirmos a responsabilidade pelos nossos sentimentos, teremos a possibilidade de transformá-los sem culparmos as pessoas, as situações e a vida. Está em nossas mãos.
Sim, as nossas reações e emoções parecem ser mais fortes do que nós. Elas emergem e se manifestam rapidamente e, muitas vezes, nós nos sentimos impotentes diante de uma avalanche emocional. É um exercício contínuo de observação. Esteja alerta e observe esse processo.
Enquanto nos sentirmos atingidos e atacados e acreditarmos que o mundo está contra nós, acumularemos sofrimento, fecharemos o coração e endurecemos por dentro e por fora.
Tente agradecer internamente às pessoas e situações, por mais que pareçam negativas, desfavoráveis e difíceis. Experimente. Nós podemos transformar todo o sofrimento que carregamos desnecessariamente.
Simplesmente agradeça, silenciosamente, e veja a raiva transformar-se em compaixão, a dor em amor e o inconformismo em aceitação e entendimento.
É difícil sermos gratos pelo que rejeitamos e tememos. Como ser grato aos problemas, às guerras, doenças, violências e à morte? Parece absurdo!
Mas, por mais que seja difícil entender, a gratidão por absolutamente tudo o que acontece em nossas vidas nos liberta. A gratidão é a aceitação amorosa do que é, do aqui e agora, da realidade.
Quando gostamos do que vivemos, ela brota naturalmente e perfuma os nossos dias, e quando não gostamos, precisamos buscá-la. O caminho é agradecer. Então, não entenda, apenas agradeça.
Quando abraçamos com humildade o lado da vida que julgamos ser escuro e que tentamos excluir, integramos o “bem e o mal” e o “bom e o ruim”. Com essa integração, as dualidades se dissolvem e tudo passa a fazer parte do TODO, o que gostamos e o que não gostamos, o que nos faz sorrir e o que nos faz chorar.
Afinal, o caminho da evolução tem trechos floridos e áridos, tem descidas suaves e subidas íngremes, tem atalhos largos e outros bastante estreitos e perigosos, tem dias de sol e céu azul e dias de nuvens negras, relâmpagos e trovões, tem dias de brisa suave e dias de tufões.
Nem tudo é fácil e nos dá prazer, mas tudo faz parte da vida e se formos gratos a tudo e a todos, tornamos o caminho mais leve e entendemos que tudo nos fortalece e nos ajuda a crescer.
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