Cada um com seu ponto de vista, com seus medos e receios, suas frases feitas, seu Deus e suas orações. Cada um tentando ser melhor ou não ser pior, na melhor das hipóteses.
Ser humano e enfrentar mundos diversos é um desafio diário. Existe aquele lado externo que todo mundo vê, percebe, encara das maneiras mais incríveis, loucas, sérias e engraçadas, e existe o mundinho interno habitado por pensamentos e experiências muito particulares.
É cada enfrentamento, é cada decisão que nunca se tomou, é cada mudança, grito de liberdade, bastas que nunca foram dados, exemplos não aprendidos, não ensinados…
Na vida, existem alguns períodos em que só nos resta silenciar, aquietar e tentar entender que cada um tem seu tempo para a dor, para o riso, para o amor ou a solidão, para a busca e a espera.
É necessário viver a própria experiência, sem querer que os outros façam o mesmo ou entendam exatamente como isso se dá. E nem pensar que o que acontece conosco se repetirá da mesma maneira com quem convivemos.
Não dá para falar do perfume das rosas com alguém que só conseguiu se espetar, é preciso aliviar a dor das espetadas. Assim como exigir que o outro siga em frente, se do que ele mais precisa no momento é de quem o carregue pelo menos por um tempo.
Existe gente que se cansou, não quer mais viver o que está vivendo, gente que está desistindo e de quem é necessário ficar ao lado pelo meio do caminho. Também não podemos impedir ninguém de seguir, quando o que nos resta é deixar para lá, mas a pessoa não se dá conta disso.
Não podemos pedir calma e paciência, quando o tempo está mandando em tudo e as coisas precisam ser feitas contra ele.
Há dias em que a gente está bem e dias que não sabe por que de repente bateu uma angústia, uma saudade doída, sem ter sido premeditada. Há coisas chatas para se encarar, pessoas difíceis para conviver e trabalhos exaustivos que precisam terminar.
Não queiramos insistir em falar o quanto o amor é lindo quando ele se tornou uma grande frustração, desencanto ou se perdeu em algum lugar do passado para alguém.
Há ocasiões em que somos resilientes; noutras estamos intoleráveis, afastamo-nos da nossa essência. O mundo parece conspirar contra nossa vontade. Não vivemos num movimento linear, que sempre segue, muitas vezes retrocedemos, perdemos.
Há horas em que tudo dá certo; em outras, o errado nunca fez tanto sentido. Algumas coisas, a gente só quer que passem logo, e elas não passam. A gente divaga, interpreta o mundo e o que acontece ao nosso redor, de acordo com a nossa perspectiva.
Ninguém sabe exatamente o que vai acontecer ou como vai acontecer. O que dura pouco para nós, para o outro pode ser uma eternidade. O que serviu de lição para o outro, para nós não teve validade alguma.
Cada um com seu ponto de vista, com seus medos e receios, suas frases feitas, seu Deus e suas orações. Cada um tentando ser melhor ou não ser pior, na melhor das hipóteses.
Cada um se agarra no que pode, nas suas crenças, suas convicções, suas pesquisas ou sua visão de mundo. E este mundo está ali, dividido, dentro e fora, e outros mundos paralelos se manifestando.
E muitos seguirão sabendo muito pouco de si e quase nada dos outros. Muitos já não querem mais seguir ou ainda estão pensando como será o próximo passo, enquanto outros vão tocando a vida e tentando descobrir por que precisaram ou não enfrentar um desafio, uma situação, uma perda, uma oportunidade.
Assim vão se fazendo e refazendo as histórias da humanidade, com suas peculiaridades, algumas com muitas semelhanças; outras com diferenças gritantes entre si. E cada qual precisa entender: nada de comparações e julgamentos, porque continuamos sabendo muito pouco do tudo.