Sim, aquilo que somos transparece de alguma forma. Por isso nos apaixonamos espontaneamente por algumas pessoas, sem que elas precisem fazer algum tipo de esforço para isso.
Sempre me lembro do filme A princesinha. É um filme estilo conto de fadas, mas que mostra com muita sensibilidade e poesia que aquilo que somos, transparece de um jeito ou de outro. A pequena protagonista aprendeu que todas as meninas são princesas. Quando cai em desgraça financeira, a amarga diretora do internato onde estuda a questiona cruelmente. Pergunta se ela ainda se considera uma princesa. Sim, ela ainda se considera uma princesa pois para ela ser princesa era ser amada.
Na rua, depois de conseguir juntar algum dinheiro para comprar um pão doce, acaba o cedendo a uma garota, filha de uma florista pobre, que parece ainda mais necessitada do que ela. A mãe da menina que ganhou o pão doce, pede à filha que entregue uma flor à princesa. Para a florista ser princesa era ser boa. Mesmo envolta em roupas velhas e pobres era ainda identificada como princesa, por seus valores.
Sim, aquilo que somos transparece de alguma forma. Por isso existem tantas mulheres elegantes calçando tênis ou chinelos de dedo. Por isso existem tantos estudantes brilhantes mesmo precisando trabalhar o dia inteiro para pagar a faculdade.
Por isso existem tantas pessoas espiritualizadas mesmo sem uma fé formal e institucional. Por isso existem tantos professores dedicados e apaixonados pelo que fazem mesmo vivendo em condições financeiras muito pobres. Por isso existem pessoas extremamente cativantes trabalhando nas funções mais humildes da sociedade.
Por isso existem pessoas que são reconhecidas como artistas mesmo não possuindo um espaço nas grandes mídias para mostrar o seu trabalho. Por isso existem grandes pensadores que nunca tiveram acesso a uma educação formal. Por isso nos apaixonamos espontaneamente por algumas pessoas, sem que elas precisem fazer algum tipo de esforço para isso.
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Enfim, aquilo que somos aparecerá em algum momento, mesmo que sejamos discretos, mesmo que não façamos grande propaganda daquilo que temos, fazemos ou pensamos. A pessoa verdadeiramente honesta não precisa dizer o tempo todo que é honesta. O profissional competente não precisa afirmar constantemente os seus méritos e realizações.
Também não adianta se vestir com grifes dos pés a cabeça se a pessoa não possui uma alma elegante. Nem adianta ler as mais importantes obras da Literatura e da Filosofia se não existe grandeza de espírito para compreendê-las.
Enfim, ninguém consegue fugir de si mesmo por muito tempo. E por que deveríamos fugir?