A energia que desprendemos ao realizar as nossas atividades diárias, muitas vezes, parece-nos faltar ao longo dos anos. Mas, afinal, o que realmente nos motiva?
É normal ouvirmos as pessoas falarem: eu não tenho mais a mesma força de antigamente ou não tenho mais a mesma energia que tinha antes! Aceitamos essas afirmações como verdadeiras, pois fomos condicionados a medir a nossa vitalidade de acordo com a nossa idade biológica, como se nascêssemos prontos e fôssemos acabando com o tempo.
É nesse ponto que entram duas grandes verdades: a primeira delas é que, analogicamente, quem “nasce” pronto (acabado) é um móvel, uma televisão ou um carro, por exemplo, esses objetos, sim, e acabam com o tempo.
O ser humano nasce vazio, como um papel em branco, e vai se construindo ao longo dos tempos. A cada ano, é encaixada uma peça nova na nossa vida, o que nos faz acumular a tão conhecida maturidade. E é justamente isso que torna tudo tão interessante. Mudamos o nosso ponto de vista, gostamos de coisas diferentes, trocamos 1.000 amigos das redes sociais por apenas um verdadeiro, vamos para a academia, não porque precisamos ficar “malhados” ou queremos postar fotos na frente do espelho para ganhar “likes” e, sim, porque queremos ter mais saúde para sorrir mais com os amigos, ver mais pores do sol, acompanhar de perto o desenvolvimento daqueles que amamos, fazer as viagens que ainda nos faltam, etc.
A segunda grande verdade é que a energia não é adquirida ou desgastada, como os objetos do mundo físico. Permitam-me explicar melhor essa afirmação: no mundo físico, se você tem dez livros, por exemplo, e doa dois deles, você ficará com oito livros, ou seja, você pode visualizar que lhe faltam dois, que você tem menos dois exemplares, que sobrou espaço para dois livros na sua estante.
Quanto mais energia doamos, mais energia recebemos.
No mundo energético, não funciona dessa forma. Quanto mais você doa, mais energia volta para você. Tomemos por exemplo o amor, que é uma forma de energia, pois não podemos pegá-lo, embora possamos senti-lo, mas ele nada mais é do que uma energia que emanamos ou recebemos, que nos preenche de uma forma peculiar e que convencionamos chamá-la de amor.
Quanto mais damos amor, mais retorna amor para nossa vida! Pois a energia não é como um bem do mundo físico; toda energia emanada, absolutamente toda a energia emanada, seja ela positiva ou negativa, retornará para nós, voltará para a nossa “estante da vida”, quer queiramos quer não. É a chamada lei do retorno.
Ultrapassadas as questões basilares acima, vamos tentar entender o que realmente nos motiva, o que estamos fazendo na nossa vida que nos deixa felizes e com a sensação de dever cumprido. Ao terminar a nossa jornada diária de trabalho ou de atividades, que sentimento levamos para a cama? Um sentimento de leveza, de que fizemos algo que nos preenche como seres humanos, que nos faz ter a sensação de estar energizados, mesmo fisicamente cansados, ou voltamos com o sentimento de que fomos explorados, de que estamos “mortos”, que a vida é dura, que escolhemos a profissão errada, que os clientes ou pacientes nos sugaram toda a energia, etc?
Podemos dar respostas rasas para essas perguntas, sem compreender ao certo quão paradoxal é a nossa robotizada vida cotidiana. Fazemos isso ou aquilo, porque tem que ser feito, pagamos, porque tem que ser pago, levantamos, porque temos que nos levantar. Fomos programados a viver numa concepção mecanicista que, como as máquinas, apertamos o botão ao acordar e seguimos trabalhando, procurando cabelos brancos na cabeça das outras pessoas e comentamos o quanto envelhecemos. Contamos os dias e não temos a certeza de nada, somente do axioma que “todos vamos morrer um dia”.
Vivemos numa era de “desgaste de peças vitais”, na qual somos condenados a somar idade, arrastar nossos dias e executar tarefas, sem motivação, esperando a tão cruel condenação no final.
Mas afinal tem de ser assim? Será que não existe nada dentro desse universo maravilhoso e infinito de possibilidades que possamos fazer para viver com dignidade e felizes? Com certeza existe! Precisamos somente de coragem para desligar as máquinas que o capitalismo vinculou à nossa vida e olhar para dentro de nós. Há, com certeza, algo dentro do seu universo existencial que poderá lhe trazer satisfação pessoal e vontade de viver, de doar, de amar, de querer, de aprender…
Nesse momento, você escreverá, todos os dias, uma página nova no seu livro da vida, em vez de arrancá-la, como se não lhe servisse mais. Lembre-se: não somos uma peça que se desgasta com o tempo, somos um livro que escrevemos todos os dias e, no fim, deixaremos uma bela história para ser lida e compartilhada por todos os que nos amam.
Nós somos uma sequência e não um fim, o nosso livro terminará cheio de coisas escritas e não sem páginas, como se fôssemos escritos/criados de trás para a frente.
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