Um café da manhã reforçado, trânsito e corrida contra o horário. Dia atribulado, almoço fora do horário e tarde que passa lentamente. Céu que anoitece, cama pronta e sono acumulado.
É interrompido com uma colisão do próprio carro.
Acorda com a luz da lanterna no olho, pessoas de branco em volta e tubos pelo corpo. Sente frio, não escuta vozes familiares e tem medo. O teto é a paisagem, o choro é contido e perde a voz.
Aqueles últimos segundos de consciência o levam as pessoas amadas. Sente o perfume, o calor do abraço e fecha o olho.
Casa bagunçada, fotos em porta retrato e louça suja. Porta do armário aberta, roupa pendurada e computador ligado. Livros espalhados, mochila aberta e caneta fora do estojo.
Espaço vazio e um silêncio.
Silêncio que dói e chora.
Os dias passam e a falta caminha junto.
Uma ausência que se torna rotina, uma saudade que não é esquecida e um amor fortalecido.
Amor que não tem fim.