Vago pelas florestas do teu silêncio e sei que em alguma dessas árvores irei lhe encontrar. Como se fôssemos crianças brincando de pique esconde, sob a luz do luar.
Como se nossos pais estivessem nos esperando em casa com hora marcada para estar de volta e em nossa diversão o tempo deixasse de existir em troca do frio na barriga, da adrenalina, da atracão pelo errado, pelo perigoso, pela travessura, de atravessar a noite fugindo um do outro até que ao ultrapassar o outro lado da trilha encontrássemos um refúgio onde ninguém mais pudesse chegar até nós… Pelo menos não nessa madrugada!
Você se esconde e eu te procuro, porque ouço a música que vem de ti. E a cada contagem com os olhos vendados a espera de que encontre um novo esconderijo, imagino o momento em que nossos olhos se encontrarão novamente e nossos sorrisos serão o prêmio pela descoberta e novamente, e outra vez, até que possamos sentar um pouco para descansar e falar de nossas vidas!
Trouxe uma flor para te entregar. Você recebe e olha para o chão, num misto de timidez e selvageria. Então andamos por entre as brumas e deixamos a luz que vem das estrelas iluminar nosso caminho. Você olha o relógio e percebe que ele já não funciona mais. Eu acaricio seu rosto com o dorso da minha mão e canto uma canção bem próximo de seus ouvidos enquanto respiro o cheiro que vem da sua nuca.
Vagamos por mais algumas horas por cruzando a floresta e vendo um filme passar!
Te conto meus segredos, te conto meus defeitos, te conto até o que qualquer outro esconderia para poder lhe conquistar! E você fixa seus olhos negros atentamente nos meus como se quisesse ler minha mente.
Te deixo invadir meus pensamentos mais puros, mas não bloqueios os mais profanos tão pouco.
Então chegamos na porta de sua casa, a floresta e os esconderijos ficam para trás. Nos despedimos com um balanço de um abraço profundo, apertado e de cola dessas que são difíceis de descolar. E lhe deixo ir, seguindo seu rumo deixando minhas pegadas para que possa voltar…
Sempre que quiser! Mesmo quando não volta, lhe trago aqui em meus pensamentos, como fiz agora.
E ainda sim posso sentir como se fosse real! Talvez seja hora de me deitar. Fechar os olhos, e deixar minha cabeça me levar até onde estas nesse momento, lendo estas palavras que te procuram como na brincadeira de pique esconde e que acabaram de te achar…
1, 2, 3, digo seu nome em segredo!
Vou te encontrar!
Por: Tico Santa Cruz