Há apenas umas duas semanas que me peguei mergulhada em meus afazeres domésticos. Varre casa, passa pano, lava roupa e finalmente cheguei na louça.
Entre um prato e outro, eu me deparei com uma tampa de uma garrafa para água. Automaticamente, peguei a única garrafa que se encontrava na pia e fui encaixando na solitária tampa. Ledo engano.
Minhas queridas e queridos leitores, eu simplesmente passei uns minutinhos tentando encaixar a bendita tampa na garrafa, até me dar conta de mim e me questionar: “por que estou insistindo em colocar esta tampa, mesmo vendo que ela não serve nesta garrafa? Deus meu!”
Naquele momento dei-me conta de que não estava muito consciente da minha ação de perseverança teimosa. Eu estava obstinada a encaixar aquela tampa ali, insistindo a todo custo em algo apenas por estar com uma tampa em uma mão e uma garrafa na outra.
Ao dar-me conta, ou seja, ao estar realmente presente no que fazia e longe do automático que nos corrompe a cada dia, minha percepção pôde enfim funcionar. Acredite, esta simplória situação, fez eu me dar conta de outras coisinhas na minha vida como um todo.
Quantas vezes insistimos em coisas, lugares e até pessoas que “não se encaixam” conosco, pelo simples fato de que “queremos encaixar”?
Perdemos nosso precioso tempo insistindo em desencaixes. Em coisas ou relacionamentos que não são para nós, pelo simples fato de estarmos “ausentes” de percepção?
Vivemos num automatismo que é inerente às máquinas e em diversos momentos, o que estamos fazendo? Nos tornando elas. Nos igualando a elas. Fora do estado de presença, ou simplesmente não mindfulness.
Quando estamos com o corpo presente em um local e a mente vagando em outro, estamos ausentes. Estamos fora do estado de presença e nos colocamos em diversas situações, muitas delas indignas.
Aquela tampa que não encaixava me fez refletir naquilo que estava mantendo na minha vida “à força”, sem fluidez. Me fez também perceber que, ao perder tempo com ‘tampas erradas’ eu estou ocupando o lugar da “tampa” certa, da tampa que encaixa. E assim é na vida.
Todas as vezes que forçamos as coisas ou pessoas a estarem na nossa vida, com força para “encaixá-las”, mesmo que esteja tão claro que elas não pertençam àquele espaço, estamos nos tirando a oportunidade de ter coisas e relacionamentos que realmente se “encaixam” com a gente, sabe? Coisas que fluem conosco, com a nossa missão de vida.
E, obviamente que após aquela situação, decidi olhar de maneira presente para diversas áreas da minha vida e me perguntar: “o que estou mantendo aqui, que nunca me serviu ou não me serve mais? Que relacionamentos, pessoas e coisas estou mantendo na minha vida à todo custo, vendo que elas não devem permanecer aqui comigo?”
Bom, e olha só alminhas incríveis que me leem, eu desentulhei muitas coisas na minha vida.
Estou mais leve, mais fluida. Mais condizente com o meu propósito de vida. Menos insistente e mais fluente…
Desejo também deixar claro que com isto não estou dizendo para você deixar de ser resiliente. Deixar de se dedicar pelos seus sonhos e metas, não! Estou apenas lhe propondo uma breve e simples reflexão: o que está na sua vida de maneira desencaixada, entulhando a sua vida? O que, ou quem você está fazendo uma força descomunal para manter na sua história, quando aquilo está manifestando uma vontade enorme de ir? Você tem estado presente sobre estas questões, ou apenas no automático, sem olhar de verdade para elas?
Hei, moça e moço. Abra os olhos. Veja de verdade o que está realmente fazendo no agora.
Você está fluindo com seu propósito de vida, ou apenas encaixando objetos que não se encaixam? Reflita!
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