Apesar de existir por muito tempo, esse termo voltou a estar em alta nos últimos dias. Entenda melhor o tema.
As discriminações e preconceitos existentes na sociedade nunca foram tão debatidos quanto nos últimos tempos. Conforme as pessoas vão ganhando mais conhecimento sobre as próprias condições e também mais visibilidade, através das mídias sociais, esses temas vão sendo abordados com mais frequência e intensidade, e diversos grupos buscando respeito e representatividade.
Questões como homofobia, xenofobia e racismo têm estado cada vez mais presentes em nossas vidas, seja dentro de casa, no trabalho, com os amigos ou até mesmo na televisão e nas músicas. Algumas abordagens sobre esses temas são muito bem trabalhadas e nos fazem pensar sobre como temos agido e como podemos transformar essa realidade através do próprio exemplo.
No entanto, existem outros movimentos que surgem como “oposição” a esses. Os participantes buscam mostrar que os preconceitos são sofridos por toda a sociedade, de forma geral, não apenas por alguns grupos.
Um desses movimentos, que têm ganhado muita visibilidade nas últimas semanas, é o “racismo reverso”.
A conduta de alguns participantes do “BBB21” tem feito com que muitos defendam que os brancos que vivem na casa estão sofrendo racismo por parte dos negros.
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Lumena e Karol Conká, ambas negras, são vistas como as protagonistas dos “ataques” contra os concorrentes brancos, e a situação chegou a parar na justiça.
O deputado estadual Anderson Moraes (PSL-RJ) apresentou uma notícia-crime contra Lumena, na Delegacia de Combate a Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi). Ele foi motivado por uma fala da psicóloga sobre outra participante do reality, a atriz Carla Diaz.
Na fala, Lumena diz que não gosta da aparência e da postura de Carla Diaz, e a classifica como “sem melanina”, “desbotada” e com olhos “de boneca assassina”. Para Anderson, a fala de Lumena, em conversa com Karol Conká, foi “pejorativa e ofensiva generalizada à raça branca”.
Muitas pessoas têm defendido a existência do “racismo reverso”, baseadas especialmente nesse caso e nas demais atitudes das participantes dentro da casa. Nesse sentido, é importante esclarecer se “racismo reverso” realmente existe.
Segundo uma matéria publicada pelo UOL, que contou com a participação da historiadora da Universidade Federal do Recôncavo Baiano, Luciana Brito, e do pesquisador do núcleo de linguagem e sociedades da Universidade de Brasília (UnB), André Ricardo N. Martins, o termo representa algo que não existe.
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A matéria explica que o racismo está ligado a uma parte da população que sofreu com uma exploração oficial da sociedade, seja no trabalho, no dinheiro, na moradia e na perseguição cultural, tudo justificado com a soberania das raças.
Luciana explica que, para que a existência do “racismo reverso” fosse defendida, a população branca deveria ter sido submetida às mesmas condições de vida e privações do que os negros.
Ela exemplifica dizendo que “não teve africano que foi lá na Finlândia para importar brancos europeus, colocá-los para trabalhar à força nas plantações e lhes oferecer as mesmas condições vexatórias”. A historiadora acrescenta que “o argumento do racismo reverso é em parte desinformação, parte desonestidade intelectual e política”.
Para André, o termo “racismo reverso” representa uma contradição. Em seu ponto de vista, a junção das duas palavras indica que há um “racismo certo” e um “racismo errado”. O pesquisador explica que, “quando alguém se diz vítima de ‘racismo reverso’, é uma tentativa de elaborar um termo para se vitimizar, fortalecer-se e lutar contra a divisão de espaços e privilégios na sociedade”.
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