Já esbarrei com muita gente por aí que não sabia dizer se amava ou não a outra pessoa. Não dá pra julgar essas pessoas, não. Porque, na maioria das vezes, pouco do que aprendemos na escola tem a ver com amor.
Se aprendêssemos a amar a matéria, a conhecê-la pela sensibilidade do coração, ninguém precisaria sair decorando os conteúdos um dia antes da prova pra esquecer um minuto depois de entregá-la ao professor. A gente sairia carregando esses conhecimentos por onde fosse, espalhando amor em forma de geometria, literatura, física e biologia.
Mas tudo bem! Convenhamos que não é só a escola que precisa ensinar (com amor) o que é o amor e como é amar. É a família também e principalmente. Mas, ora bolas, com a pressa que a gente anda se acostumando a enfrentar, sobre tempo pra falar de amor? Em alguns casos, sim! Em muitos, não. Não dá tempo de dormir e de comer. Haveria de dar tempo para aprender sobre o amor? Haveria de ser possível ensinar a amar?
Também não podemos julgar essas famílias. Elas podem ter crescido num ambiente social que dizia que demonstrar amor era para os fracos, num lar que não dava colo, num seio familiar que pouco acolhia e que preferia gostar a amar. Pois sim, é mais fácil gostar do que amar. Quando a gente gosta, faz festa, dá risada, troca telefone, faz umas visitas, liga no aniversário. Mas quando a gente ama… Ah, quando a gente ama, quer a felicidade do outro tanto quanto a nossa!
A gente só dorme se o outro estiver quentinho e em paz sentindo as batidas ritmadas que o nosso coração faz. A gente só está bem se o outro também estiver.
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Quando a gente ama alguém, não basta estar perto, tem que estar junto. Não basta cumprimentar, tem que abraçar, tirar do chão, apertar os órgãos pra tentar chegar juntinho do coração. Quando a gente ama, não faz visitinhas, chama pra almoçar, pra jantar, pra chorar no colo, pra dar a mão, pra enxugar as lágrimas, pra embalar o sono. Quando a gente ama, não pede o telefone. Pede o endereço, sabe os horários de trabalho, sabe a cor favorita, o pijama preferido, as músicas que tocam no fone de ouvido, as séries mais amadas, o doce que arranca água da boca.
Quando a gente ama, não liga no aniversário. A gente faz festa, chega de surpresa, faz o bolo preferido, compra um presente do tamanho certo. Quando a gente ama, não dá só risada. A gente gargalha, sabe as histórias de cor e salteado e não cansa de ouvi-las de novo. E a gente também chora junto, lastima o que não deu certo, torce pelo melhor porvir.
Acontece que amar dá trabalho porque prescinde que você se reparta em cada amor que vá acontecendo pelos caminhos da vida. E se já anda difícil gostar pra valer de alguém, como é que vamos julgar os tantos e tantos que não sabem amar? Ocorre que também não dá pra ensinar a amar. Não tem manual de instruções, não tem bula, não tem livros e nem apostilas. Não tem resumo na internet que dê pistas sobre o que fazer, como agir, o que falar.
Amar é coisa que a gente nasce sabendo e vai desaprendendo ao longo da vida e só dá pra reaprender se a gente começar a se importar com os outros, começar a compreender mais, a ouvir os dois lados de uma mesma história, a entender – por mais que seja difícil – que cada um, em sua verdade, pode ter alguma razão. Aliás, amar é também aceitar que a razão do outro pode estar mais certa que a nossa. E mais: amar é continuar lá mesmo quando o outro não é aquilo que esperamos. Porque amar pra valer pede a incondicionalidade!
Amar faz a gente sofrer, é verdade! Mas o amor faz muito mais do que isso também… Amar faz a gente ter pra quem voltar, faz a gente se libertar dos medos, faz a gente confiar na vida, em Deus. Faz a gente ter fé, ter colo, ter mãos, ter voz suave nos ouvidos cansados. Amar faz a gente sentir borboletas no estômago e na alma, faz a gente dançar sem música, faz a gente sorrir sem motivo. Faz nossa jornada ser mais branda, mais divertida, mais aconchegante. Portanto, sem mais delongas, e emprestando as sábias palavras de Sri Prem Baba, “peço perdão a todos aqueles com quem cruzei nos caminhos da minha vida, e que, por causa da minha ignorância, não pude amar”. Daqui pra frente vai ser diferente…
Ana Helena Lopes