“Amar de novo? Nunca mais! ” Quantas vezes você se olhou no espelho e disse isso?
Mas quando vê, você está lá, mais uma vez, juntando os caquinhos que já nem se encaixam mais de tantas vezes que você colou.
Esse coração seria um eterno irresponsável? Quem sabe apenas odeie o tédio? Não, só pode ser burro mesmo ou ter memória curta, né!?
Calma… Bem-aventurados os que dão uma chance ao amor. Acho que esses até recebem alguma proteção divina pra continuarem existindo. Afinal, o que seriam das letras de música sem as dores e delícias de andar nessa montanha-russa do amor? O que seriam dos livros, filmes, contos e das fábricas de lenços? Os poetas coitados, estariam falidos de inspiração se não fossem os amores voláteis.
Amores impossíveis são fugazes, transitórios, efervescentes, explosivos. É a impermanência mais eterna. Um dia você tem tudo. No outro já não resta mais nada. É promoção de sapato, Black Friday, liquidação da Victoria’s Secret. Loucura total. E no fim você acorda e se dá conta que na verdade foi atropelado por um caminhão que fugiu sem prestar socorro.
Eu, como cultivadora de memórias, digo que gosto dos amores impossíveis. Porque apesar de terem um começo -na maioria das vezes bem clichê, repleto de coincidências e deja vus- parecem nunca terem um fim cabal, categórico. Parece que todos estão condenados a simplesmente se recolherem encapsulados, congelados em algum lugar no espaço.
As teorias de Einstein abrem margem para a possibilidade da existência de grandes fendas no espaço-tempo. Eu fico pensando que poderia ser ali que os amores impossíveis se escondem… pra que um dia, quem sabe, alguém tenha a piedade de resgatar essa linda história de um quase e finalmente fazer virar flor.
O que não consigo entender é como carregam tanto potencial incrível. É aquela semente que tem tudo pra vingar. Mas que se encolhe já na primeira geada. É algo inexplicável e inintendível. Algo fora de qualquer controle. Que força contrária é essa? Algum físico aí arrisca um palpite?
Vai ver é isso. É esse o objetivo, te inundar de expectativas, de sonhos. Despertar aí dentro uma vontade de não-sei-o-quê, não-sei-como, não-sei-de-mais-nada. Te balançar, mexer com tuas convicções. Testar sua vontade de viver.
Então, o preço é alto?
Talvez seja sim. Mas ainda acho o preço do ‘não-viver’ muito maior.
Faria tudo de novo?
Sim.
Mas espera um pouco, a cola ainda tá secando.