Vivemos, simultaneamente em dois mundos, em duas realidades, em dois âmbitos: o mundo exterior, percebido pelos sentidos físicos de percepção externa e o mundo interior, que só pode ser acessado mediante a prática da auto-observação.
Observar direciona a atenção de nosso ser para fora, para o mundo exterior. É um meio para modificar as condições mecânicas do mundo físico. Auto-observar-se, por sua vez, direciona a atenção de nosso ser para dentro, para o mundo interior. É um meio para mudar a si mesmo, intimamente.
O mundo exterior nos proporciona a sensação de frio, de calor, de arrepio, a dor física, a admiração pelo belo, o escutar, o falar… Descobrimos e lidamos com o mundo físico, comum a todos nós. Damos uns aos outros; recebemos uns dos outros. Convivemos com a natureza. Possuímos uma forma pré-definida e ocupamos espaço neste planeta inserido no infinito do universo. Coexistimos com o divino materializado sob a forma do sol, da lua, do mar, dos rios, do céu, da terra, do ar, das árvores, dos animais, das pessoas.
O mundo interior nos proporciona o amor, o desejo, a tristeza, a alegria, o sofrimento, a satisfação, a certeza, a dúvida, o bendizer, o maldizer… Descobrimos e lidamos com o nosso mundo psicológico, individualizado para cada ser. Damos a nós mesmos; recebemos de nós mesmos. Convivemos com nossa própria companhia. Processamos todas as informações oriundas da troca com o mundo exterior. Possuímos uma forma a nossa livre escolha (inclusive mutável) e ocupamos espaços mágicos que pertencem somente a nós mesmos.
Coexistimos com o divino que habita em cada um de nós. São 7 bilhões de mundos internos contidos num mesmo mundo exterior.
No mundo exterior, realizamos intervenções, tais como a criação de cidades, produtos e mercadorias, a abertura de estradas e ferrovias, dentre outros… Mas não podemos intervir em muitas coisas, como o sol, a lua, o céu… Já em nosso mundo interior, podemos (e devemos) realizar as intervenções que quisermos, no momento que desejarmos. Nele, o divino permite que a gente possa intervir até mesmo no nosso próprio sol, na nossa lua, no nosso céu.
Apenas nós somos capazes de sentir o que se passa em nosso mundo interior. E tudo o que sentimos só existe em nossa mente, em nossa imaginação. Somos o reflexo da forma como queremos enxergar o mundo exterior. Recordei-me da seguinte colocação de Buda: a lei da mente é implacável. O que você pensa, você cria. O que você sente, você atrai. O que você acredita, torna-se realidade.
O mundo exterior interfere em nosso mundo interior. Não deveria, mas acaba interferindo… Somos seres sensíveis: é difícil blindar-se aos ruídos externos. Diariamente, somos submetidos a inúmeras situações, problemas e informações. Em um piscar de olhos, nosso mundo interior pode, de alguma forma, desestabilizar-se, fragmentar-se. Abalos internos podem se materializar sob a forma física de febre, indisposição, cansaço, fraqueza, confusão, depressão…
Mas Deus nos brindou com a capacidade de adaptação aos mais diversos acontecimentos. Nascemos, morremos e renascemos inúmeras vezes em vida…
Somente nós mesmos podemos retomar o equilíbrio do nosso eu e reconstruir aquilo que foi desestabilizado ou fragmentado. Precisamos ter em mente que essa reconstrução ocorrerá exatamente da maneira que escolhermos. O mundo é puro movimento, reveste-se de um dinamismo absurdo. A reconstrução precisa ser feita hoje, agora! Dalai Lama sabiamente disse: só existem dois dias do ano em que nada pode ser feito. Um se chama ontem e o outro amanhã. Portanto, hoje é o dia certo para amar, acreditar, fazer e, principalmente, viver!
Não podemos ter receio de ousar, de inovar em nossos processos de reconstrução pessoal. Precisamos experimentar.
Do realismo à abstração. Do prata ao dourado. Do vale à montanha. Da floresta ao deserto. Da renascença ao art noveau. Do numérico ao alfabético. Da flor de lótus à torre Eiffel. Viva a vida!
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