Depois de mais de 100 anos de história, a empresa optou por parar a produção no Brasil, mas os produtos ainda serão comercializados no país. Entenda.
Nesta segunda-feira (11), a fabricante de automóveis multinacional estadunidense Ford anunciou que encerrará a produção de veículos em suas fábricas no Brasil. A decisão marcará o fim de mais de 100 anos de história da empresa no Brasil.
De acordo com o G1, em maio de 1919, a Ford trouxe sua primeira fábrica de automóveis ao país, que foi, também, a primeira fábrica desse segmento no Brasil. O modelo de produção era o Ford T, que ficou conhecido como Ford Bigode. A fábrica trabalhava com a montagem de peças, que eram importadas.
A decisão da Ford chega em um momento de crise. A empresa, que tinha fábricas em Taubaté (SP), Camaçari (BA) e Horizonte (CE), disse em comunicado à imprensa que a decisão foi tomada por conta da pandemia de covid-19, que está ampliando a persistente capacidade ociosa da indústria e redução de vendas, o que resulta em perdas significativas.
O G1 teve acesso a uma carta da Ford aos concessionários. Ela dizia que desde a crise econômica de 2013, a Ford da América do Sul vem acumulando perdas, o que fez com a matriz da montadora, nos EUA, tivesse que auxiliar nas necessidades de caixa, o que torna inviável para a empresa continuar as atividades por aqui.
A montadora também citou desvalorização das moedas na América do Sul, o que associou ao aumento dos custos industriais. Segundo a carta, a decisão do encerramento da produção de veículos foi tomada apenas depois da busca de parcerias e a venda de ativos. O documento afirma que a empresa não encontrou opções viáveis para manter a produção na região.
- Pessoas inspiradoras: Garoto de 14 anos viraliza no TikTok ao resolver questões de exatas do ITA, o vestibular mais difícil do país
Apesar da decisão, a Ford seguirá comercializando seus produtos no Brasil, que serão importados da Argentina, Uruguai e outras regiões fora da América do Sul. A empresa assegurou que os clientes continuarão com assistência de manutenção e garantia.
No país, serão mantidos apenas o Centro de Desenvolvimento de Produto, na Bahia, e o campo de provas e da sede administrativa para a América do Sul, em São Paulo.
Com a decisão da Ford, cerca de 5 mil empregos serão afetados no Brasil e na Argentina. Apenas na fábrica de Taubaté, serão cerca de 830 funcionários demitidos.
A unidade de Camaçari, encarregada da produção dos modelos Ka e EcoSport, e a de Taubaté, responsável pelos motores e transmissões, fecharão de imediato e, no último trimestre do ano, a fábrica de BH terá as atividades encerradas.
Os modelos nacionais da Ford (EcoSport, Ka, e Troller T4) deixarão de ser vendidos com o fim dos estoques atuais. No entanto, a empresa afirmou que novos modelos do Transit, Ranger, Bronco e Mustang Mach1 serão vendidos no Brasil.
- Pessoas inspiradoras: Aos 100 anos, idoso ganha ingresso para a Disney e se diverte
A Ford afirmou que o fechamento das fábricas no país faz parte de seu planejamento de reestruturação global e, segundo o CEO da empresa, Jim Farley, apesar de ser uma situação difícil, é necessária para um negócio saudável e sustentável. Austrália e França também tiveram fábricas da empresa fechadas recentemente.
A Ford foi a quinta empresa que mais vendeu carros no Brasil em 2020. Segundo a Anfavea (associação dos fabricantes), foram 119.454 automóveis vendidos, uma queda de 39,2% na comparação com 2019, maior do que o registrado em todo o segmento de automóveis.
O Ministério da Economia divulgou uma nota sobre a decisão da Ford. Confira, na íntegra, abaixo:
O Ministério da Economia lamenta a decisão global e estratégica da Ford de encerrar a produção no Brasil. A decisão da montadora destoa da forte recuperação observada na maioria dos setores da indústria no país, muitos já registrando resultados superiores ao período pré-crise. O ministério trabalha intensamente na redução do Custo Brasil com iniciativas que já promoveram avanços importantes. Isto reforça a necessidade de rápida implementação das medidas de melhoria do ambiente de negócios e de avançar nas reformas estruturais.
O que acha dessa decisão?
Comente abaixo e compartilhe a notícia com os amigos em suas redes sociais!