Aprendi com minha mãe a viver um dia de cada vez, que amanhã será outro dia e que nenhum problema vale a nossa paz.
Mãe, ser do sexo feminino, que gera uma vida ou adota-a. Mas a palavra mãe, na verdade, é um misto de muitas emoções e, só de pronunciá-la, já conforta nosso coração. Ser chamada de mãe, então, é indescritível.
Eu que, por 35 anos, somente chamei pela minha mãe, quando fui chamada de mãe, consegui entender o que queria dizer essa palavra e tudo que existe detrás dela. Quando fui chamada de mãe, deixei de ser tão crítica, deixei de pensar que mãe cria os filhos como que quem joga sementes de abóbora no pátio e as deixa crescer, entendi o apego da minha mãe por nossa família e os esforços e sacrifícios por nos manter unidos. Entendi por que ela ia ao meu quarto à noite para me cobrir, nos dias frios, por que sempre dizia “Vai chover, leve uma sombrinha”, aprendi que conselhos de mãe são avisos de Deus e que uma oração feita por nossa mãe arrebenta as portas do céu. Entendi a sua angústia, quando eu ia dormir na casa de uma amiga e o motivo de ela não dormir quando eu saía à noite, a sua implicância com algumas amizades e o temor por minhas escolhas.
Somente sendo mãe pude entender o que é não dormir, quando o filho tem cólicas, o desespero de correr para o médico, quando tem febre. Quantas vezes chorei escondida, quando o deixei na “creche”, assim pude entender o que ela sentia e percebi que filhos não são sementes de abóbora, filhos dão muito trabalho; por eles, despendemos tempo, dedicação, suor e lágrimas.
Ser mãe é padecer no paraíso! É sim. Depois de se tornar mãe, uma mulher nunca mais será a mesma, sua vida será tomada de sentimentos maravilhosos e preocupações constantes também.
Se eu não tivesse uma mãe positiva e otimista, eu não teria essa força interior e não seria a mãe que me tornei.
Aprendi com minha mãe a viver um dia de cada vez, que amanhã será outro dia e que nenhum problema vale a nossa paz. Aprendi a fazer bolos, tricô, crochê, a ouvir músicas francesas, a adorar macrobiótica, aprendi que a maquiagem é sempre uma aliada e que devemos estar sempre maquiadas, na alegria e na tristeza, nem que seja com um batom e rímel para levantar a moral.
Minha mãe me ensinou sobre literatura e filmes clássicos, que nada nem ninguém pode nos entristecer e que a tristeza deve ter limite e nunca tomar conta da nossa vida; ela existe e nos deixa mais fortes, mas nunca deve ser constante.
Ninguém ama tanto a vida como a minha mãe, ela sempre se agarrou à esperança de um dia melhor para viver e assim nos ensinou: amanhã será um novo dia e teremos nova chance de fazer tudo diferente. Não importa o tempo nem a idade, o que importa é começar e termos um final feliz, pois esse final depende somente de nós. Essa energia e amor pela vida ela nos ensinou, essa certeza de um mundo melhor.
Não nos ensinou a cozinhar ou passar roupa, não nos deu bonecas de presente, mas livros e mais livros, literatura, filosofia, arte, música, idiomas e fé, muita fé, em Deus e em nós, porque Deus não ajuda quem não se ajuda.
Ainda escuto seus conselhos: “Estude, estude e estude, e depois trabalhe, tire sua força do trabalho, seja livre e não dependa de ninguém, fale outros idiomas, case-se por amor, e, se não der certo, case-se de novo, porque nada é irreversível, somente a morte, e a morte em vida é a mais triste. Não desista! Mesmo quando a vida lhe disser ‘não’, diga ‘sim’ para a vida, porque você pode, filho meu pode tudo.”
De todas as coisas que aprendi com minha mãe, a melhor foi sua presença, aprendi que sempre pude contar com ela, pois estava presente quando todos já tinham ido.
Ela sempre estará presente.
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