Aprendi a não me incomodar. A fazer valer o pão nosso de cada dia. Aprendi a tentar me salvar de certas ansiedades e organizar as coisas que precisam de paz.
Aprendi que um dia a mais é benção de Deus. Que o anoitecer foi feito para descansar e deixar para trás tudo que entorpece o coração. Que é preciso mais do que repensar minha condição de vida. É preciso resgatar valores, reordenar sentimentos e prosseguir, segurando na alma o interno que recobre os dias.
Aprendi que não importa quantas voltas eu dei, quanto tempo eu me distanciei ou silenciei, diante do que eu pensei que fosse certo para mim.
Aprendi que posso contar com poucos e amar o suficiente que preenche cada lacuna do meu coração.
Aprendi que dá para sentar e descansar, dá para ter menos pressa e respirar com uma cadência mais suave, fazendo o espírito se reencontrar e voltar para dentro de mim, ajudando a refazer meu caminho, a reconstruir meu destino, por vezes desconstruído pelos vendavais do tempo, pelos desassossegos da alma.
Aprendi que vale a pena agradecer, vale a pena não dar corda para me enforcar. Aprendi que entre um olhar e outro, consegui decifrar poucas coisas, mas cheguei, muitas vezes, ao intenso do que eu mereci viver.
Aprendi que sobras não servem para requentar ninguém e que lá no meu altar sagrado existe um lugar só meu, onde dentro de cada oração a conversa é minha e Dele. Não me faço refém.
Aprendi que depois do tombo, vem o levantar, vem o curativo, vem à vontade de não repetir certos erros e seguir mais polivalente, diante do que me incumbiram.
Talvez eu sinta coisas que caibam na memória fotográfica, caibam em cada página escrita, lida e relida, através de um tempo que me captei e não me coloquei dentro de uma bolha, não me alienei, não me coloquei de fora para dentro e sim de dentro para fora.
Aprendi que nunca é tarde e que eu não pontuo os dias, não faço planos e nem fico mais imaginando como será o amanhã.
Talvez eu aprenda a resolver os meus conflitos, a cuidar mais do íntimo solidificando minhas raízes em outros eternos, em meio ao etéreo do tempo.
Aprendi que eu não sou mais uma; não sou qualquer coisa. Não sou algo que se joga fora ou se enjoa, como quem não quer mais.
Aprendi que quanto mais eu me amo, mais eu amo cada parte minha. Mais eu vou em frente desafiando a própria existência, mostrando onde é realmente o meu lugar e o porquê de estar aqui.