Nem sempre quem gostaríamos que se importasse vai se importar. Nem sempre quem queremos tão bem, desejará nossa proximidade também. E, mesmo doendo, não vale a pena se agarrar à ideia de que ainda há o que esperar. No fundo, a gente sempre sabe. Sabe quando nos querem por perto, quando desistiram de nos acompanhar, quando nunca tiveram a intenção de ser nosso par.
Dia desses assisti a uma comédia romântica muito interessante no Netflix e me diverti com a personagem Maria Fe que, após levar um fora do namorado pela internet, enfrenta uma jornada de autoconhecimento e superação, passando pelos cinco estágios do luto de forma leve e divertida, até redescobrir um novo sentido para a vida, dando dicas sobre amor e relacionamentos num blog pessoal. O filme, uma comédia peruana com título em português de “Como Superar um Fora”, me fez refletir sobre situações semelhantes que já vivi no passado, e que hoje, com maturidade e distanciamento, consigo entender melhor.
O ex-namorado da protagonista não tinha certeza do que sentia. Mesmo rejeitada, no início, ela tenta convencê-lo de que é com ela que ele deve ficar. Porém, não deveria ser assim. Não deveríamos forçar chaves em fechaduras erradas, pescar com linha de barbante, tomar sopa com palitinho, vedar rachaduras na parede com chumaços de algodão… muito menos insistir para que uma pessoa fique conosco quando ela não tem a mínima intenção de ficar.
Deixe ir. Se não corresponde, não lhe serve. A gente tem que se amar o bastante para fechar a porta de onde não é bem-vindo.
Temos que ser corajosos o bastante para desistir de uma relação onde somente a gente investe tempo e vontade. A gente tem que parar de guardar lugar para quem não tem a mínima intenção de seguir viagem ao nosso lado. A gente tem que começar a entender que nem tudo o que a gente quer nos serve.
Aprenda uma coisa: quem nos quer não vacila, não duvida, não joga. Quem nos quer tem isso como certeza. Quem nos quer arruma um jeito, dribla a falta de tempo, manda mensagem, e-mail, carta escrita à mão. Pede dispensa do trabalho, pega avião, sai mais cedo, chega mais tarde, sacrifica a rotina e não faz do amor um jogo de dados correndo o risco de nos perder. Quem nos quer não nos deixa passar, não brinca com seus sentimentos, não titubeia na hora de nos acompanhar. Quem nos quer se importa, arruma a casa e o coração para nos esperar, é cuidadoso com o que pode nos magoar.
As pessoas enviam sinais. E mesmo que seja difícil admitir, a gente sempre sente quem faz questão da gente. Nem sempre quem gostaríamos que se importasse vai se importar.
Nem sempre quem queremos tão bem desejará nossa proximidade também. E mesmo doendo, não vale a pena se agarrar à ideia de que ainda há o que esperar. No fundo, a gente sempre sabe. Sabe quando nos querem por perto, quando desistiram de nos acompanhar, quando nunca tiveram a intenção de ser nosso par.
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Que a gente tenha intuição e sensibilidade para reconhecer onde é querido, bem-vindo e valorizado, de verdade, sem aceitar migalhas como provas de amor ou pequenas gentilezas como interesse real.
Que o amor-próprio nos ensine a parar de insistir naquilo que não nos serve, e que o semancol nos dê lucidez para nos afastarmos de lugares onde não cabemos mais.
Que a expectativa vã não nos machuque demoradamente e que a fé por dias melhores não nos abandone definitivamente.
Direitos autorais da imagem de capa: cena do filme “Como Superar um Fora”.