Para mim, o amor mora nos detalhes, nas pequeninas demonstrações de cuidado. É assim que eu sinto que sou amada.
E é exatamente do mesmo jeito que eu não me sinto apreciada, quando falta atenção às coisas bem simples. Por exemplo, falta de papel higiênico para mim é a mesma coisa que falta de amor.
Explico-me: em minha casa, éramos seis. Quatro filhos em escadinha, pai e mãe, a grana era bem contadinha, logo, estoques não existiam na despensa. Quando algum item acabava os “mininu” (nós os filhos) íamos correndo no mercadinho reabastecer a casa… era o just in time bem aplicado.
Assim era, só que eu não conseguia me conformar quando faltava papel higiênico, eu ficava muito brava! Na minha cabeça de menina eu pensava: se sabem que está acabando, por que não se adiantam e compram antes que acabe? Na época eu não tinha tanta clareza de que estoques custam dinheiro e comprometem o capital de giro doméstico.
Na vida adulta eu carrego em mim esse pequeno trauma e sempre me certifico que tenha rolos e mais rolos de papel higiênico na minha casa. E gostaria muito que houvesse também muitos rolos na casa de quem eu vou com frequência.
Por isso, logo no início de um namoro, há algum tempo atrás, eu verbalizei para o tal namorado a importância do dito papel higiênico! Fui muito legal e me comuniquei, certo?
Certo, só que mesmo assim faltou papel, mais de uma vez, com certeza, na casa do dito cujo. Aquilo me deixou cismada, sabe aquela vozinha que diz: minha filha, preste atenção nisso, se uma pessoa não se importa com algo assim tão pequenino e fácil de fazer, imagine como será nas coisas grandes e mais difíceis?
Ignorei, segui com o namoro e comprovei mais tarde que a vozinha não poderia estar mais certa.
Como tudo o que vivo é o certo para mim eu honro essa experiência e aprendo com ela.
Aprendo a não ignorar a minha intuição (às vezes, ainda escorrego, admito) que o tempo todo me mostra o melhor caminho a seguir… e quem segue comigo.
Direitos autorais da imagem de capa licenciada para o site O Segredo: 123 RF / paulgulea