O erro faz parte da nossa natureza, principalmente porque estamos sempre no meio de um processo evolutivo pessoal que nem sempre é tranquilo.
Quantas vezes você não sentiu remorso por uma atitude que cometeu? Sabe quando fragmentos daquela memória ruim insistem em tirar seu sono, comprometendo até sua saúde e bem-estar, como se o estômago estivesse sensível e a garganta guardasse um emaranhado de palavras não ditas? Essa é a culpa se manifestando em todas as suas formas, fazendo com que se sinta completamente desconfortável com a simples lembrança.
De fato, existem alguns comportamentos que não necessariamente são os melhores, e nos envergonham profundamente, principalmente quando envolvem alguma pessoa muito querida, deixando-a ferida. Se esse sentimento de culpa o corrói e a única coisa que consegue pensar é em tentar voltar no tempo, saiba que existe um caminho para a “redenção”, capaz até de restabelecer os laços.
Mesmo assim, vai depender muito mais de quem cometeu o erro do que da vítima da situação, que além de ferida está alimentando sentimentos ruins em relação a você. Se o desejo é realmente retomar aquela amizade, aquele grande amor ou aquela relação familiar, saiba que o primeiro passo envolve assumir o erro.
Pode até parecer algo simples, mas muitas pessoas não conseguem assumir que estão erradas para que todos saibam. Preferem deixar no ar, falam pelas entrelinhas e seguem alimentando a discórdia e a raiva. Portanto se comportar como uma pessoa adulta, explicando onde e como errou é um ponto importante, é preciso que fique claro que você sabe bem onde tropeçou, porque assumir abre caminho para possíveis reconciliações.
O processo de cura pode ser doloroso, principalmente se a outra pessoa se sentir ofendida. O segundo passo, tão importante quanto o primeiro, é se desculpar de maneira genuína, falando abertamente dos seus sentimentos, mesmo que você se sinta frágil demais para isso.
Assumir o erro, pedir desculpas e dizer o que está sentindo pode ser difícil, mas fazem parte do caminho do perdão. Magoar alguém e se deixar consumir pela culpa, vendo a vida passar sem nunca assumir aquele erro, é algo muito pior, e pode acreditar que, futuramente, o arrependimento será ainda maior.
É muito importante saber que esse caminho do perdão não pode ser confundido com humilhação, não é preciso se colocar em uma posição hierarquicamente inferior ao outro para que as desculpas apareçam. O respeito sempre deve ser colocado em primeiro lugar, e independentemente da raiva ou do remorso, adotar comportamentos danosos pode transformar a situação inteira em algo muito complexo, como um beco sem saída.
Muitas vezes, o melhor caminho é, antes de tudo, compreender os motivos que levaram você a cometer esse erro, descobrir maneiras de encontrar o perdão pessoal e só aí ir atrás do outro. A culpa pode ter muitas facetas, e muitas vezes nos sentimos culpados por coisas de que não temos pleno controle, que nem sequer dependem de nossas ações, e assumir esse sentimento, nessas ocasiões, não melhora em nada.
A desculpa e o perdão dependem do outro, de quem se feriu com suas ações. Por isso, mesmo que você se mostre arrependido, não existe a certeza de que aquela pessoa está preparada para encarar essa realidade, para olhar nos seus olhos em busca de respostas, porque isso dói, e a dor é algo que instintivamente nos repele.
Existem apenas algumas coisas que dependem de você, o restante fica a cargo do outro, e não podemos controlar o que os outros sentem. Lembre-se de se atentar para suas ações, comportamento porque, no frigir dos ovos, a forma como se comporta significa mais do que as belas palavras e os enunciados construídos em busca do perdão.