Lendo esse título, você pode pensar: “Ah, mais uma daquelas receitinhas prontas para solucionar problemas”.
A ideia aqui está longe de uma receita, e é levá-lo a meditar sobre as expectativas que você está criando.
Em geral, temos o hábito de rotular as pessoas, tanto as próximas como as distantes. Costumamos nos inserir em rótulos também, pois esses são bem vistos em sociedade, as famosas máscaras. Esse processo é feito de forma inconsciente.
Nós nos rotulamos como: “A mãe perfeita”, “O paizão”, “O filho estudioso”, “A namorada”, “O marido” e assim por diante. São todos padrões sociais aprendidos de acordo com nossa cultura.
Quando rotulamos, seja a nós ou a outras pessoas, estamos agindo pelo ego, ou seja, não estamos vendo a verdadeira pessoa, estamos vendo aquilo que desejamos ver.
Afinal de contas: você se relaciona com papeis/protocolos ou com gente?
Gente tem medo, tem angústia, sofre, chora, sorri… os papeis são máscaras, que não necessariamente vivem ou sentem qualquer um dos sintomas acima.
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Quando você se relaciona com os papeis aprendidos em sociedade, você também determina quais são as tarefas que esse papel precisa exercer, criando assim uma série de expectativas.
É interessante observar exatamente esse ponto: quando você se relaciona com os rótulos você cria uma fantasia de como as coisas deveriam acontecer, de acordo com as expectativas criadas.
Você viaja na Hellmann’s Airlines! Viaja na maionese a respeito dos comportamentos dos outros, cria um marido da fantasia, um filho, uma mãe, um chefe, um projeto e tantas outras coisas. A cada novo dia, vai alimentando suas crias com mais e mais expectativas.
Comportando-se dessa maneira, você vai esperando que essas pessoas se comportem de acordo com o SEU ideal, com a SUA forma de enxergar o mundo. Agindo assim, você não vê a pessoa, mas apenas o rótulo e as criações de sua cabeça.
Então, como se ama alguém que você criou aí na sua cabeça?
Quantas e quantas vezes você deixou de olhar para a pessoa, e focou apenas no papel que ela deveria cumprir? Quantas vezes brigou com seu marido, filhos, amigos ou quem quer que seja, por expectativas que você criou e simplesmente não comunicou a eles o que você esperava de cada um?
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Quando você permite se envolver pelo ego, você está se inserindo na criação de uma sociedade que vai esperar de você sempre os rótulos. Fazendo isso, você deixa de se relacionar com a espontaneidade do outro e passa a se relacionar no padrão de qualidade reconhecido pela sociedade, mas não por seu coração.
Sabe por que seu coração não reconhece esse PADRÃO (padrão é algo igualzinho para todos!)?
Simples: VOCÊ é um ser único, precisa observar o que sente e, com isso, você fica em estado de presença. Estar presente o ajudará a compreender o que de fato está acontecendo, saindo assim dos rótulos e expectativas sociais.
Eu passei muitos anos da minha vida esperando da minha mãe determinados comportamentos que eu acreditava pertencerem às mães. Demorei muito tempo para olhar nos olhos dela e entender que aquele ser humano era a minha mãe, e aquele ser humano tinha medos, angústias, histórias de sofrimento e dor. Depois de entender tudo isso, passei a olhar para ela com mais amorosidade e não mais criando uma mãe que não existia, só porque vi no comercial de manteiga a “mãe perfeita”.
Pare um minuto agora e observe quantas foram as vezes que você rotulou alguém, determinando, em sua cabeça, seus comportamentos: “mãe que é mãe faz x-y-z”, “pai que é pai”, “filho que é filho”, e assim por diante.
É necessário exercer a empatia, olhar nos olhos dos seres humanos e entender o que o outro pode me dar. Compreender o nível de consciência do outro e até onde ele pode ir. Quando agimos assim, não criamos mais expectativas, fica distante a possibilidade de se frustrar nessa relação.
Tenho uma revelação importante para lhe fazer: se você se frustrou, o problema é todo seu, não do outro. É isso mesmo! Você quem criou a fantasia de que determinada pessoa ou situação deveria acontecer daquele jeito. Você criou um teatrinho imaginário de como as coisas deveriam ser. Você não exerceu a empatia com o outro, não olhou nos olhos do outro e entendeu o ponto de vista dele, não sentiu no peito, focou somente na cabeça. Você não viu essa pessoa, não sentiu, não conversou, não negociou.
Sei que você pode sentir uma certa revolta ao ler isso, ao ler que é o culpado por essa frustração que está sentindo. Vai dizer que eu não o conheço, não conheço a sua mãe, irmão, namorado, marido etc. Sei que vai colocar uma serie de situações para não olhar para isso. Digo a você apenas: sinto muito.
Já dizia Antoine de Saint-Exupéry “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Sim, você é responsável por tudo aquilo que cria.
Medite! Medite sobre esse texto e sobre as expectativas que veem criando em sua vida. Medite para que possa olhar sempre nos olhos das pessoas, e não mais para as regras colocadas em sociedade. Olhe nos olhos, sinta e observe a necessidade do outro.
Deixe a posição de vítima para lá!
Assim você poderá escolher que tipo de relacionamento você quer ter para sua vida, se é digno ou não para você. Aprenderá a colocar limites nas pessoas, a dizer “não” quando sentir que deve, a criar menos e sentir mais.
Saberá lidar com as frustrações antes mesmo delas acontecerem, e terá a cada dia uma autoestima mais elevada e saudável.
Se esse texto tocou seu coração, compartilhe com seus amigos e familiares. Vamos construir uma corrente de empatia pelo outro, sempre com amorosidade, graça e leveza.
Um beijo grande,
Queli.
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